Cardona, da FSM, visita Vermelho e defende unidade sindical

Cumprindo extensa agenda no Brasil, Ramón Cardona, secretário para a América Latina da Federação Sindical Mundial (FSM), visitou o Vermelho, defendeu a unidade do movimento sindical e falou de suas impressões sobre sindicalismo brasileiro.

 

Por Osvaldo Bertolino

 Cardona participou do 6º Encontro Nacional da Corrente Sindical Classista (CSC), em Aracaju (SE), e do Fórum Social Brasil Brasileiro, em Recife (PE). Esteve ainda em atividades na Bahia, a convite da CSC, onde conheceu importantes experiências dos trabalhadores daquele Estado. Cardona disse que leva do movimento sindical brasileiro as melhores impressões. “Aqui existe um rico histórico de luta, de combatividade, que serve de exemplo para os trabalhadores de todo o mundo”, afirmou. Para ele, isso é relevante especialmente para a América Latina porque os povos da região estão numa fase de esperança, lutando para tornar realidade as mudanças acalentadas há muito tempo.

 

Segundo Cardona, o governo Lula é o símbolo dessa esperança na América Latina. A sua vitória — ou derrota — nas eleições presidenciais terá influência direta nos destinos desses povos. As investidas imperialistas, disse ele, se não forem detidas terão como conseqüência primeira o sacrifício dos direitos e conquistas dos trabalhadores. Essa responsabilidade brasileira, afirmou Cardona, repousa grandemente sobre o movimento sindical. Nesse sentido, a visão a respeito da unidade desponta como determinante. Ele explicou que a Confederação Internacional de Organizações Organizações Sindicais Livres (Ciols) tem a pretensão de ser a única central sindical mundial, mas sua política não atende aos interesses doa trabalhadores.

 

Bandeiras de luta

 

Cardona lembrou que essa Confederação tem adotado, desde a sua fundação, posições completamente opostas à política de combate ao capital, defendida pela FSM. Recentemente, a Ciols apoiou os regimes neoliberais, uma linha de atuação coerente para quem defendeu o golpe militar contra o presidente chileno Salvador Allende, apoiou regimes militares e combateu o sindicalismo classista, de luta. Ele repassou brevemente a história das duas entidades mundiais e recordou que a Ciols foi criada em 1949 — logo após o surgimento da FSM, em 1945 — com essa finalidade declarada. Por isso, não é possível falar em unidade com tal política.

 

Para o secretário da FSM, a causa dos trabalhadores é a causa de Lula, de Hugo Chávez, de Evo Morales, de Néstor Kirchner — ou seja, a integração latino-americana. A unidade sindical, portanto, não pode ser outra senão a que defende efetivamente os interesses dos trabalhadores e dos povos. Cardona disse que para isso está sendo criado o fórum sindical da América Latina. Será um espaço para o movimento sindical combativo construir a unidade, sem hegemonismo e sem imposições. O único critério exigido é a defesa dos interesses dos trabalhadores. A própria FSM, disse ele, está passando por mudanças internas com o objetivo de  reerguer suas bandeiras de luta.