Petrobrás e empreiteiras não fecham acordo sobre construção do gasoduto

O custo cobrado pelos consórcios de empreiteiras que participam da licitação para a construção do gasoduto Coari-Manaus chega a R$2,487 bilhões ou quase o dobro do valor estimado pela Petrobrás, que é de R$1,

Mesmo assim, a Petrobras prevê o início da obra para o próximo mês de julho e a conclusão até dezembro de 2007. A operação comercial do gasoduto está prevista para março de 2008, após a emissão da Licença de Operação em janeiro pelo Instituto de Proteção da Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a Autorização de Operação (AO) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Os números e o cronograma foram apresentados nesta terça-feira (25) durante audiência pública conjunta entre as comissões da Amazônia e de Energia da Câmara dos Deputados. O debate, proposto pela deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), envolveu ainda discussões em torno da implantação do gasoduto Urucu-Porto Velho.

Entre os convidados, estavam representantes do Ministério das Minas e Energia, Eletrobrás, Petrobras, ANP , Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Críticas duras

A deputada Vanessa foi dura nas críticas aos atores envolvidos no processo. Ela lembrou que em dezembro do ano passado, após uma mesma audiência, membros da Petrobrás estabeleceram como meta a inauguração da obra em janeiro de 2007, isto é, um ano antes dessa nova previsão.

"Por tudo que nos foi nos mostrado as empreiteiras montaram um cartel para explorar não a Petrobras, mas a sociedade brasileira que deverá pagar os custos da obra de forma diluída nas tarifas de energia", protestou a parlamentar.

Ela cobrou explicações dos representantes da Petrobras e do Ministério das Minas e Engeria sobre os preços cobrados pelas empreiteiras e a alternativa de dar início a construção do empreendimento com a participação do Exército Brasileiro, conforme já havia sido cogitado sobretudo pela imprensa.

Vanessa ainda sugeriu que, caso não tenha uma solução para o problema até o final do mês, a Comissão da Amazônia junte um grupo de parlamentares numa campanha para que o Exército Brasileiro inicie a construção. "Do jeito que está não dá. Não podemos permitir que a Petrobras feche um contrato ao custo de US$ 100,00 o m/pol para construir apenas um trecho do gasoduto, enquanto que para 1.689 quilômetros de um gasoduto que vai levar gás da Rússia até Alemanha, sendo que 1.189 quilômetros são submersos no Mar Báltico, terá um custo de R$ 59,28 m/pol".

Ela propôs que uma ampla campanha da Comissão da Amazônia pela participação do Exército na construção do gasoduto como forma de baixar os preços, caso até o final do mês não haja uma solução para o impasse.

Valores altos

Os valores apresentados na audiência são referentes a dois três trechos do gasoduto que terá capacidade para transportar 10 milhões m³ do gás natural da Província de Urucu até a capital amazonense. Para construir o GLPduto no Trecho A, numa extensão de 279 quilômetros que vai de Urucu até Coari, o consórcio formado pelas empresas OAS/ETESCO cobrou o total de R$454,5 milhões ou R$162,00 o metro por polegada (m/pol).

Já para a construção de 190 quilômetros do gasoduto no Trecho B1, que vai de Coari até Anamã, o consórcio formado pela Andrade Gutierrez, Gueiróz Galvão e Carioca Engenharia apresentou uma proposta de R$1,220 bilhão pelo custo total ou R$290,00 o m/pol.

No Trecho B2 de 193 quilômetros, que vai de Anamã a Manaus, o consórcio Carmargo Correa/Skanska apresentou a proposta de R$725,2 milhões ou R$179,00 m/pol.

Somados a Travessia do Rio Negro, onde um duto será lançado pela Balsa Guindaste de Lançamento 1 (BGL-1), da Petrobras, um investimento de R$71.3 milhões, e uma adaptação do duto de 18 polegadas no GLPduto, mais R$16,5 milhões, o custo total da obra chegou a R$2,487 bilhões.

De Brasília

Iram Alfaia