“Mercado” pressiona e superávit primário bate recorde

Motivo de especulação eleitoreira no noticiário econômico, a “economia” do setor público consolidado (União, Estados, municípios e estatais) para o pagamento de juros em março somou R$ 13,186 bilhões. Esse superávit primário (receitas menos despesas, excl

Esse resultado também é 179% maior do que o registrado em fevereiro (R$ 4,729 bilhões) e 7,6% acima do alcançado no mesmo mês do ano passado (R$ 12,258 bilhões). O superávit recorde foi divulgado pelo Banco Central (BC) em um momento em que o mercado financeiro começava a pressionar para o governo adotasse medidas garantindo o cumprimento da meta fiscal deste ano, que é “economizar” 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagar juros.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu ao Brasil que resista à “pressão” por aumento de “gastos públicos em um ano eleitoral”. Já a agência de classificação de risco Fitch afirmou que o superávit poderia ficar um pouco abaixo da meta. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, entretanto, que quem apostar que o superávit ficará abaixo de 4,25% do PIB vai "quebrar a cara". O assunto vem sendo explorado pelo noticiário econômico com claro intuito eleitoreiro.
Em março, o resultado das estatais de R$ 5,494 bilhões, proveniente majoritariamente das federais, foi determinante para o superávit recorde. Já o governo central apresentou um superávit de R$ 5,614 bilhões. Os governos regionais fizeram um superávit de R$ 2,077 bilhões. O superávit elevado na conta primária permitiu ao setor público ter um resultado nominal (receitas menos despesas, incluindo gastos com juros) positivo no mês passado, de R$ 286 milhões. O gasto com juros no mês foi de R$ 12,899 bilhões.
Dívida
No primeiro trimestre do ano, o setor público acumula um superávit de R$ 20,981 bilhões, o equivalente a 4,39% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta de superávit primário para o ano é de 4,25%. No entanto, o resultado do ano está 24,2% menor que o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 27,677 bilhões, ou 6,32% do PIB). Já no acumulado de 12 meses, o superávit está em 4,39% (R$ 86,809 bilhões). No trimestre, o governo central é o que mais contribui para essa economia, com um superávit de R$ 12,196 bilhões. Os Estados e municípios registraram nos três primeiros meses do ano um superávit de R$ 5,906 bilhões.
As empresas estatais registraram superávit de R$ 2,878 bilhões. O superávit não foi suficiente para arcar com todos os gastos com juros, que somaram R$ 44,175 bilhões, um crescimento de 16,5% sobre o mesmo período do ano passado. Com isso, o déficit nominal, receitas menos despesas, incluindo gastos com juros, foi de R$ 23,194 bilhões no primeiro trimestre, ou 4,86%, contra R$ 10,228 bilhões no acumulado até março do ano passado (2,33% do PIB). Em março, a relação entre a dívida e o PIB ficou praticamente estável em relação ao mês anterior, em 51,7% (R$ 1,021 trilhão) contra 51,8%. Em dezembro, estava em 51,5% do PIB.

Com agências