Movimentos sociais decidem ir às ruas para apoiar Lula

Atualizada às 18h

Diversas entidades da sociedade civil preparam um grande ato de apoio a Lula. Em reunião ocorrida hoje (25), em São Paulo, foi aprovado que a manifestação ocorrerá em meados de

Entidades que compõem a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) reuniram-se nesta terça-feira (25) com representantes do PT, PCdoB e PSB na sede nacional da CUT, em São Paulo, para avaliar a conjuntura política e debater ações mais articuladas contra as tentativas de desestabilização do governo e o retrocesso representado pelo tucanato.
 
“Depositamos esperança em um Brasil melhor e fazemos uma crítica contundente aos ataques da direita e da mídia, que buscam inviabilizar o governo Lula. Ao mesmo tempo que lutamos para barrar a direita, queremos avançar nas mudanças e isso só será possível com o governo atendendo às reivindicações dos movimentos sociais”, afirmou Antonio Carlos Spis, secretário nacional de Comunicação da CUT. Spis frisou que a hora é de ação e mobilização: “Defendemos a soberania nacional, o petróleo, a água, as florestas, o patrimônio público contra os privatistas, a reforma agrária, recursos para a agricultura familiar. A sociedade quer um Brasil novo que traduza os anseios dos desassistidos, que priorize os direitos dos cidadãos e das cidadãs, por isso vamos às ruas”.
 
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, declarou que “o que está em jogo é um projeto de nação, onde a direita brasileira orquestra uma campanha de mídia para voltar ao poder”. No último Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE, esclareceu Petta, mais de 80% dos delegados expressaram esta compreensão.
 
Tese do impeachment

“Nestes dez meses de pancadaria, a mídia, particularmente a impressa, se afastou de qualquer objetividade jornalística, mais engajada que está em desgastar o presidente da República e os partidos que o sustentam”, afirmou em sua exposição o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, denunciando que a oposição midiática e a direita “tentam reacender artificialmente a tese do impeachment”. Segundo Berzoini, à medida que o governo melhora o seu desempenho, a capacidade de fazer mudanças mais profundas se amplia e cresce a frustração da direita, que tentará de tudo para barrar a reeleição e a continuidade do projeto. “Unir as bandeiras dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda será um elemento decisivo para transformar o processo de disputa política num processo de mobilização popular”, ressaltou.  
 
Saudando a iniciativa, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, declarou que a questão central na disputa eleitoral que se avizinha é ter lado. “As velhas classes dominantes, hoje constituídas por rentistas, utilizam como método o golpismo encoberto, com uma cruzada moralista, da mesma forma como fizeram contra Getúlio, Juscelino e João Goulart. É uma gente que não tem a mínima condição moral de fazer a defesa do bem público, mas que ganha projeção no bloco midiático, que serve à ditadura do mercado. Nossa união é para barrar a volta da direita neoliberal velhaca – que se veste de tucano – e abrir caminho para as mudanças, reforçando o campo de Luís Inácio Lula da Silva”, sublinhou Rabelo.
 
O dirigente comunista destacou que entre os inúmeros avanços obtidos no governo Lula está a paralisação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca): “é um êxito que tem sentido estratégico pois significaria uma inserção subordinada, submissa à globalização neoliberal, um projeto de neocolonização da mais alta gravidade”. Não é à toa, acrescentou, que “o lema de Alckmin é uma empulhação: menos Estado e mais desenvolvimento. Isso só aprofundaria as desigualdades, é um anti-projeto nacional”. Defendendo um segundo mandato para o presidente Lula, Renato Rabelo lembrou que este deve ter como foco a distribuição de renda, o mercado interno e a solidariedade internacional, com forte apoio na mobilização popular, sem o que não haverá transformação.
 
Carisma

De acordo com João Paulo Rodrigues, da coordenação do MST, “a direita vai apostar na tese do impeachment mais como desgaste, pois a figura de Lula tem carisma perante as massas”. Apesar do modelo monetário muito conservador e da manutenção dos juros altos, pilares da política macroeconômica, destacou, “os movimentos sociais têm lado e não vão entrar no canto de sereia da elite brasileira, dos meios de comunicação”. “Queremos debater um projeto de desenvolvimento nacional, de distribuição de renda, um programa para o Brasil, que dê soluções aos problemas do nosso povo. É importante deixar claro que se o governo está passando por este momento difícil, é porque desprezou a força das ruas”, alertou.
 
O presidente nacional da CUT, João Antonio Felício, destacou que pela importância que a CMS tem hoje, “como o mais belo e expressivo espaço de diálogo e de mobilização da sociedade brasileira”, esta interlocução com os partidos passa a ser “fundamental na formulação e consolidação de um projeto de mudança rumo à construção de uma democracia plena, que tenha como centro a geração de emprego, salário e a consolidação de direitos”. Defendendo “mudanças na política econômica”, o líder cutista reiterou a necessidade de uma mobilização unitária que afirme um projeto nacional de desenvolvimento contra o retrocesso representado pelo tucanato, mas que ao mesmo tempo enfatize a necessidade de mudanças na política de elevados juros e superávit primário”.
 
1º de maio

Na avaliação do secretário-geral da CUT, Arthur Henrique da Silva Santos, o documento dos movimentos sociais “deve ser levado a todos os atos no 1º de Maio e,também aos congressos das entidades, numa grande mobilização apoiada pelos partidos”. “Devemos levar este projeto ao presidente Lula, o único que tem condições de implementá-lo”, ressaltou.
 
Representando a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Carlos Alberto Pereira sublinhou “a importância da eleição de Lula para os brasileiros, o Brasil, a América Latina e o mundo, com o fim das privatizações que arrasavam nosso país, a desarticulação da Alca e a democratização do Estado”, mas alertou que “a cidadela, o centro do poder ainda não foi tomado, que é o controle do capital financeiro”. “Assim, nosso crescimento se dá com camisa-de-força, preso às amarras do capital financeiro internacional. A política financeira é o núcleo da política econômica e, no Brasil, está é a questão chave a ser resolvida, pois enfraquece as possibilidades de ampliarmos nossa unidade. Portanto, é preciso força e energia para empurrarmos o governo pra frente e derrotar os que querem voltar ao poder com sua política neoliberal para privatizar a Petrobrás, rearticular a Alca e fazer o país andar para trás”.
 
Em nome do Partido Socialista Brasileiro, Joilson Cardoso, responsável pela corrente sindical do PSB, disse que todo o processo que se instala a partir do governo Lula “é um esforço para superar a herança maldita, pois o estado brasileiro estava em bancarrota, à beira da falência”. Joilson condenou a tentativa golpista da direita de confrontar “um operário surgido do chão da fábrica” de forma preconceituosa e racista: “Quem não lembra do senhor Jorge Bornhausen, presidente do PFL, em se livrar desta raça por mais de 20 anos?”.

Fonte: CUT