Lula, Kirchner e Chávez terão encontro estratégico quarta-feira em SP

Os presidentes da Argentina, Brasil e Venezuela se reunirão na próxima quarta-feira em São Paulo, no momento em que o Mercosul enfrenta alguns tensionamentos internos com relação ao seu principal objetivo: a integra&ccedil

Lula e Kirchner se encontrarão amanhã. Os encontro trilateral se realizará na quarta-feira. A agenda completa das visitas dos chefes de Estado não foi divulgada ainda.

Uma cúpula entre os três presidentes deveria ter ocorrido em março passado, na província Argentina de Mendoza, depois da posse da presidente chilena Michelle Bachelet. Entretanto, por problemas na agenda de Chávez, o encontro teve que ser remarcado. 
Naquela ocasião, os estadistas tinham previsto examinar uma série de iniciativas conjuntas, em particular a construção do Gasoduto do Sul, que em uma primeira fase ligaria as três nações. Segundo adiantou a imprensa argentina, no encontro trilateral da próxima quarta-feira as questões relacionadas com esse monumental projeto energético voltarão ao centro do diálogo.

 

Buenos Aires, Brasília e Caracas buscam incorporar a Bolívia no projeto do megagasoduto, que tem uma extensão de 10 mil quilômetros e capacidade para transportar em uma etapa inicial, 150 milhões de metros cúbicos de gás diários. De acordo com estudos iniciais, seu custo ficará em torno de 23 bilhões de dólares.

 

O Ministério argentino de Relações Exteriores comunicou que na reunião que terão amanhã, Kirchner e Lula abordarão pontos de interesse bilateral. Analistas consideram, entretanto, que eles devem incluir em suas conversas o conflito argentino-uruguaio da construção de duas fábricas de celulose.

 

A disputa deve-se porque houve denúncias de que as fábricas – que estão sendo construídas em solo uruguaio, em uma área próxima à província argentina de Entre Rios, contaminariam o ecossistema da região limítrofe. A questão não somente tensionou as relações entre Buenos Aires e Montevidéu como também contagiou o ambiente dentro do Mercosul. A isso se somam ainda reclamações que vêm sendo feitas há meses por parte do Uruguai e do Paraguai às maiores economias do bloco, apontando que é preciso atenuar as assimetrias existentes na união aduaneira nascida há 15 anos. Os membros menores se queixam de travas impostas ao comércio por parte dos grandes.
 
O Uruguai afirma que já solicitou que a questão seja debatida pelos países membros do grupo. Mas a Argentina, na função de presidente pró-tempore, negou a proposta alegando que se trata de um assunto bilateral e que o tema deve ser resolvido sem a ingerência de terceiros. Desde então o governo Vázquez tem questionado a funcionalidade do Mercosul.
 
Nação de Repúblicas

 

A cúpula adquiriu maior relevância após o governo venezuelano, em pleno processo de ingresso no Mercosul, anunciou – semana passada – sua saída da Comunidade Andina de Nações (CAN), formada por Peru, Colômbia, Equador e Bolívia. Para Chávez, os acordos comerciais entre alguns países da CAN e os Estados Unidos – conhecidos como tratados de livre comércio – pretendem reanimar a fracassada Área de Livre Comércio das Américas (Alca) impulsionada pelo império norte-americano.

 

Neste final de semana, ao confirmar sua saída da CAN, Chávez reiterou que a tática agora para o projeto de integração latino-americana deve ser o fortalecimento do Mercosul, que deve se tornar o eixo deste processo. Para ele, ao invés de buscar relações assimétricas com os Estados Unidos, os países podem retomar a consciência de “uma nação de repúblicas” assumida pelos indígenas.

 

A Venezuela propõe um projeto alternativo de integração que vá além do comércio para uma relação de complementaridade e solidariedade, expressada concretamente na proposta da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). Para o líder bolivariano, é preciso um “Mercosul que leve em conta disparidades regionais, diferenças entre economias e assimetrias”.

Da Redação
Mônica Simioni
Com agências.