Orlando Jr: Brasil está pronto para o Pan 2007

O ministro dos Esportes, Orlando Júnior, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, falou sobre a Timemania, loteria criada para socorrer clubes de futebol e promete que o governo Lula deixará em vigor a Lei Nacional de Incentivo ao Esporte. Garante aind

O senhor é o mais jovem ministro do atual governo e o segundo mais jovem de toda a história. Além disso, é o terceiro ministro negro na atual gestão. De que modo esses componentes simbólicos revelam informações ou influem na gestão, na prática?

Orlando Silva – Isso mostra que o presidente Lula é um presidente que dá abertura pra apostar na juventude. O fato de ser o mais jovem traz em si o simbolismo da preocupação que o presidente Lula tem com a juventude. Por isso criou o Conselho Nacional da Juventude, a Secretaria Nacional da Juventude. Esse espaço aqui, da Teia, é um espaço sobretudo de manifestação juvenil de produção de cultura, uma série de programas e projetos que o governo federal trabalha no segmento juvenil. Então, pra mim é um privilégio ter oportunidade de participar da equipe do presidente Lula.

Agora, à parte esse contentamento e esse caráter simbólico da sua presença no cargo, o que é possível fazer nesses meses de fim de gestão?

Orlando – Na minha posse o presidente foi claro: não é hora de inventar nada. É hora de consolidar o que foi feito. E muita coisa foi feita, na preparação dos Jogos Pan-Americanos, que vai ser um grande evento, o maior das Américas, e vai acontecer no Brasil em 2007. Na realização de projetos sociais esportivos, como o Programa Segundo Tempo, que estimula a prática esportiva no contraturno da escola e atinge um milhão de crianças no Brasil inteiro, tem núcleos funcionando hoje em todos os estados da federação. Nós temos que qualificar mais esse programa, ampliar, dar maior eficiência. Poderia falar da descoberta do talento esportivo, que é uma forma de identificar crianças e jovens que podem se tornar grandes campeões. Tem o programa bolsa-atleta, que ajuda os jovens que não têm patrocínio a poder treinar, competir e disputar torneios nacionais e internacionais. Programas como o Esporte e Lazer da Cidade, que permite que a população adulta, pessoas com deficiência e pessoas da melhor idade tenham acesso ao esporte.

Então, é apenas uma continuação, "tocar o barco", como gerente?

Orlando – É uma fase de consolidação do que foi feito até aqui. Essa é a tarefa, porque o tempo é curto e nós temos que, neste ano, ampliar o atendimento que foi feito. Podia falar de mais coisa, da agenda do futebol, que agora temos um projeto que vai viabilizar os clubes que estão endividados. As medidas pra segurança nos estádios, pra ter um conforto maior pra os torcedores que freqüentam nossos estádios, que andam muito vazios, não é? A lei de incentivo é a última medida, que pra nós é muito importante, que é uma lei que vai atrair recursos privados pra investir no esporte, como outras áreas conseguiram.

A atual gestão se compromete a deixar essa lei de incentivo ao esporte aprovada e sancionada?

Orlando – É uma fase de consolidação do que foi feito até aqui. Essa é a tarefa, porque o tempo é curto e nós temos que, neste ano, ampliar o atendimento que foi feito. Podia falar de mais coisa, da agenda do futebol, que agora temos um projeto que vai viabilizar os clubes que estão endividados. As medidas pra segurança nos estádios, pra ter um conforto maior pra os torcedores que freqüentam nossos estádios, que andam muito vazios, não é? A lei de incentivo é a última medida, que pra nós é muito importante, que é uma lei que vai atrair recursos privados pra investir no esporte, como outras áreas conseguiram.

O presidente Lula deve mandar essa lei ao Congresso nas próximas semanas. Conversamos com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, ele se comprometeu conosco de se empenhar pra que ainda este ano possamos aprovar essa lei. Quem sabe, colocar em vigência ainda esse ano.

Mas há clima pra isso, num ano eleitoral, com todo o acirramento político e, a partir de um certo momento, o Congresso esvaziado, com os deputados em campanha nos estados?

Orlando – A vantagem é que o esporte une todo mundo. Na bancada do esporte, no Congresso Nacional, você tem gente do PT, do PCdoB, dos partidos da base do governo, e gente do PSDB, do PFL, que não tem nada a ver conosco. Na votação da "Timemania" (loteria usando escudos dos clubes de futebol, que recebem parte dos recursos) foi interessante, porque o PSDB orientou (que seus deputados votassem) contra a Timemania, e a maioria da sua bancada votou a favor. O PFL orientou contra, e a maioria da sua bancada votou a favor. Então, o esporte une muita gente e transcende as barreiras partidárias, inclusive permitindo penetrar no setor de oposição, porque o que importa é o investimento no esporte brasileiro.

A criação dessa loteria foi uma bandeira muito forte do Ministério, desde o ministro Agnelo Queiroz, mas o tema não deixa de ser polêmico. Muitos setores criticaram a idéia de mais uma loteria, como um meio criado pelo governo federal para que clubes de futebol venham a quitar débitos históricos, advindos da má gestão de "cartolas" . Em tempos de arrocho fiscal e austeridade na política econômica, não é uma gentileza muito grande com os clubes de futebol? Não é dar muita colher de chá pra "cartolas" como os do Rio de Janeiro?

Orlando – Não é, porque a Timemania não é uma medida isolada. A primeira medida nossa, aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Lula, foi a lei de moralização do futebol, que criou regras para que a gestão dos clubes fosse mais profissional e mais transparente. A própria Timemania exige uma série de contrapartidas. O clube que não tiver transparência e gestão profissional na prática vai acabar saindo e não sendo mais beneficiado com a Timemania. Nós reconhecemos que o futebol é parte do patrimônio cultural do nosso povo, do nosso País, é fator de identidade nacional. Quem viaja pra fora do País sabe que o futebol é o principal mecanismo de identificação do Brasil. O governo não pode ser insensível à realidade dos clubes de futebol. Junto com a cobrança para que haja mais profissionalismo, temos que colaborar para que sejam saneadas essas dívidas. Dívidas que serão pagas, necessariamente, antes de esses recursos virarem receitas novas pros clubes. O que vai ser arrecadado vai servir primeiramente para pagar as dívidas, principalmente dívida previdenciária, e depois vai poder de fato ser utilizado como receita nova. E, com receita nova, nós podemos criar condições pra que os clubes do Brasil possam manter aqueles nossos craques, que vão cada vez mais cedo pra fora do Brasil, empobrecendo o espetáculo, porque sem artista não há espetáculo. E os nossos craques muito cedo estão indo embora.

Mas o que pode garantir que, a partir desse benefício, os dirigentes não se sintam acomodados, tentados a pensar que podem acumular outra dívida enorme, em mais 50 anos, que vai vir o governo conceder um novo programa de ajuda? Não há esse risco?

Orlando – Não há esse risco, porque o clube de futebol que não honrar com seus compromissos de pagamento de dívidas vai ficar fora de um programa como esse. Nós estamos dando mais uma chance. E, eu insisto, ligada a ela está a lei de moralização, a obrigatoriedade de publicação de balancetes. Estamos criando um ambiente pra amarrar mais as medidas, pra garantir uma gestão eficaz dos clubes. E sobretudo nós temos que, demonstrando boa vontade do governo, criar um ambiente pra que a sociedade cobre também os dirigentes esportivos. Porque os clubes não pertencem aos dirigentes; pertencem às suas torcidas, ao nosso povo. Por isso é importante o trabalho de sensibilização também da sociedade, pra que a gente cobre permanentemente o bom funcionamento do nosso futebol.

E quanto ao esporte de base, o esporte nas escolas, nas universidades, inclusive a divulgação de outras modalidades além das mais populares, que mudança o governo Lula deverá deixar?

Orlando – Veja, o programa Segundo Tempo é de inclusão social pelo esporte. Mas, na medida que a gente permite que na escola a criança e o jovem tenham acesso ao esporte, estamos abrindo uma janela de oportunidade pra quem queira se desenvolver nesse universo. Ligado a ele, o programa Bolsa-atleta permite o repasse de recursos desde estudante até atleta olímpico. Portanto, aqueles que estão na base do esporte também podem acessar o bolsa-atleta. Junto com isso, tem o trabalho de descoberta do talento esportivo, também na escola, para que se identifique habilidade e capacidades desses jovens. E a partir de um banco de talentos podemos ir preparando e formando esses atletas, sempre em parceria com clubes sociais, com estados e municípios, porque pra nós a chave pro desenvolvimento do esporte é a parceria. Todas essas medidas, junto com os Jogos Escolares e o Jogos Universitários, se ligam pra uma idéia-base nossa, que é fazer da escola a matriz do desenvolvimento do esporte brasileiro. Nenhum país do mundo se desenvolveu no esporte sem ter a escola e a universidade como base. Isso vale pros Estados Unidos e pra Cuba, por exemplo, países absolutamente distintos. Então, temos dialogado com o ministério da Educação, de modo que a gente possa aproximar nossas ações, fazendo da escola a matriz do esporte brasileiro.

O senhor falou da união possibilitada pelo esporte, inclusive transcendendo fronteiras partidárias. Sabe-se, porém, de dificuldades em relação ao Pan 2007, de um certo tensionamento entre a Prefeitura do Rio de janeiro e o governo federal, por conta do que seria de responsabilidade de cada esfera do poder público. Vai ficar tudo pronto pro Pan, ou corremos risco de um vexame?

Orlando – Vai ser cumprido o cronograma pra realização do Pan. Será uma edição histórica dos jogos. O ano de 2006, pra nós, do Ministério dos Esportes, é o ano do Pan. Até o final do ano, pretendemos ter todas as nossas tarefas cumpridas, pra que 2007 seja o período de testes e da competição. Eventuais problemas que surjam, por parte de outros parceiros, têm que ser dialogados conosco. Eles têm que assumir a sua responsabilidade. Nós confiamos que a Prefeitura do Rio, o Estado e o Comitê Organizador dos jogos vão cumprir com seus papéis, vão assumir suas tarefas, e o Brasil vai poder se credenciar pra realizar outras competições internacionais.

Independentemente do resultado das próximas eleições, o que ficará das ações do Ministério? E o que o senhor não gostaria, especialmente, de ver interrompido caso haja uma mudança de governo?

Orlando – Quando nós assumimos o governo, algumas ações positivas que vinham de antes foram mantidas. Nós acreditamos que o Brasil evolui, a experiência democrática traz maturidade pra gestão pública. Então, espero que independente de quem assuma o ministério dos Esportes a partir de 1º de janeiro de 2007, o que foi construído para o desenvolvimento do esporte seja mantido, porque isso não é o legado de um governo, é uma construção do país, exige esforço de um conjunto de agentes, de atores da sociedade brasileira.

Isso mostra que o presidente Lula é um presidente que dá abertura pra apostar na juventude. O fato de ser o mais jovem traz em si o simbolismo da preocupação que o presidente Lula tem com a juventude. Por isso criou o Conselho Nacional da Juventude, a Secretaria Nacional da Juventude. Esse espaço aqui, da Teia, é um espaço sobretudo de manifestação juvenil de produção de cultura, uma série de programas e projetos que o governo federal trabalha no segmento juvenil. Então, pra mim é um privilégio ter oportunidade de participar da equipe do presidente Lula.Na minha posse o presidente foi claro: não é hora de inventar nada. É hora de consolidar o que foi feito. E muita coisa foi feita, na preparação dos Jogos Pan-Americanos, que vai ser um grande evento, o maior das Américas, e vai acontecer no Brasil em 2007. Na realização de projetos sociais esportivos, como o Programa Segundo Tempo, que estimula a prática esportiva no contraturno da escola e atinge um milhão de crianças no Brasil inteiro, tem núcleos funcionando hoje em todos os estados da federação. Nós temos que qualificar mais esse programa, ampliar, dar maior eficiência. Poderia falar da descoberta do talento esportivo, que é uma forma de identificar crianças e jovens que podem se tornar grandes campeões. Tem o programa bolsa-atleta, que ajuda os jovens que não têm patrocínio a poder treinar, competir e disputar torneios nacionais e internacionais. Programas como o Esporte e Lazer da Cidade, que permite que a população adulta, pessoas com deficiência e pessoas da melhor idade tenham acesso ao esporte.Orlando Silva Júnior – É uma fase de consolidação do que foi feito até aqui. Essa é a tarefa, porque o tempo é curto e nós temos que, neste ano, ampliar o atendimento que foi feito. Podia falar de mais coisa, da agenda do futebol, que agora temos um projeto que vai viabilizar os clubes que estão endividados. As medidas pra segurança nos estádios, pra ter um conforto maior pra os torcedores que freqüentam nossos estádios, que andam muito vazios, não é? A lei de incentivo é a última medida, que pra nós é muito importante, que é uma lei que vai atrair recursos privados pra investir no esporte, como outras áreas conseguiram.