Chávez acusa Washington de desestabilizar Morales

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a acusar o governo Bush de estar por trás de recentes atentados, protestos e ameaças de greve na Bolívia e disse que seu objetivo é desestabilizar o presidente boliviano, Evo Morales. Esta

"Por trás disso, tenho certeza, está a mão do império; este decidiu não dar tempo a Evo", assegurou Chávez em seu programa dominical de rádio e televisão "Alô, presidente!". Ao contrário de Cuba, onde os EUA deram dois anos "de paz" à gestão de Fidel Castro antes da invasão em 1961 de Playa Girón, e os dois anos e meio que concederam a Chávez antes do golpe de Estado que conseguiu retirá-lo do poder durante dois dias em 2002, o presidente ressaltou que a Morales "não darão" tanto.

"Já começou o plano para tentar desestabilizar a Bolívia e não deixar Evo Morales governar", reiterou, referindo-se a um recente atentado em que um norte-americano está envolvido e a outras ações de força antigovernamentais. Entre estas últimas, Chávez destacou uma ameaça de greve a partir de quinta-feira e por tempo indeterminado na região de Santa Cruz, em reivindicação de emprego e auxílio a comunidades afetadas pelas chuvas.

Chávez disse estar aberto a receber a visita em Caracas do subsecretário de Estado dos EUA para as Relações Interamericanas, Thomas Shannon. "Alí [Rodriguez, chanceler venezuelano] me disse ontem que Thomas Shannon quer vir à Venezuela. Bom, se quer vir, não há nenhum problema. Espero que não venha aqui para provocações, como o embaixador" dos EUA em Caracas, William Brownfield, disse Chávez.

O presidente se referia às visitas de Brownfield a bairros populares, onde foi agredido com ovos e lixos nas últimas semanas. Sobre Shannon, Chávez reiterou que espera que não vá ao país "para causar problemas, provocar", e espera que "respeite a Venezuela".

A eventual visita de Shannon, que seria o funcionário do governo americano de maior categoria a visitar a Venezuela, foi anunciada quando Chávez comentava a recente decisão da Administração Federal de Aviação (FAA, em inglês) de colocar fim a restrições às companhias aéreas venezuelanas para voar aos EUA. O presidente venezuelano qualificou a decisão da FAA de "outra vitória revolucionária" de seu Governo e ressaltou que "os imperialistas recuam" quando os países "lhes mostram firmeza".

O governo de Chávez anunciou que imporia restrições às companhias aéreas americanas em seus vôos com destinos venezuelanos se a FAA não suspendesse os impedimentos similares impostos a companhias aéreas venezuelanas em 1995.

Ele também disse que os EUA procuram "desculpas" para invadir militarmente a Venezuela e lembrou as manobras navais que militares americanos estão realizando no mar do Caribe.

"Os marines estão aí mesmo, no Caribe; há milhares deles e dizem que estão em operações antidrogas. Mentira! Estão aí para nos ameaçar, mas não temos medo deles", disse. Chávez disse durante a semana que os exercícios "constituem uma ameaça" contra Cuba e ressaltou que "correrá sangue venezuelano" se a ilha for invadida e que tem "a impressão" de que também "correrá sangue latino-americano e caribenho" se ocorrer o mesmo com seu país.

Da Redação
Com agências.