Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela acertam construção de gasoduto

Reunidos ontem em Assunção, Evo Morales, Nicanor Duarte, Tabaré Vázquez e Hugo Chávez assinaram um acordo para promover a construção de um gasoduto para abastecer o Cone Sul com gás boliviano. O acerto faz parte do

Membros do Mercosul, Paraguai e Uruguai importam todo o gás que consomem da Argentina e do Brasil. O gasoduto vai permitir à Bolívia "exercer os direitos sobre os seus recursos naturais", comemorou o presidente boliviano, Evo Morales. A Venezuela possui a principal reserva de gás na América do Sul, seguida pela Bolívia.

Em discurso, Chávez ressaltou que a integração energética é uma necessidade urgente para os países da região e afirmou que em poucos anos haverá "uma terrível crise de combustível no Cone Sul, se não forem tomadas as medidas certas a tempo", por causa da escalada dos preços do petróleo. As reservas de gás da Venezuela, da Bolívia e do Peru garantiriam estabilidade energética no futuro, desde que os projetos comecem a ser desenvolvidos imediatamente.

Após o discurso do líder bolivariano, o anfitrião Nicanor Duarte, seu colega uruguaio, Tabaré Vázquez e Morales assinaram um memorando no qual se comprometem a criar uma comissão trilateral, que vai se reunir em Assunção em maio para calcular os custos do gasoduto.

Os presidentes se comprometeram a assinar até o fim do ano um acordo de integração energética para "buscar equilíbrio no lucro entre o país produtor e o resto dos países", e que envolva a iniciativa privada. O documento também prevê o intercâmbio de informação com o objetivo de "estabelecer mecanismos e condições para projetos de desenvolvimento de integração no campo energético, que compreendam o transporte da fonte até a região de consumo".

Em entrevista coletiva, Vázquez disse que "a reunião não tem o objetivo de anular os acordos de integração regional". Ele defendeu "um Mercosul melhor, não como está atualmente, cheio de problemas, que prejudicam principalmente os países menores". "O que tentamos com este trabalho em conjunto é reforçar nosso intercâmbio comercial", disse o governante uruguaio.

Bolívia, Paraguai e Uruguai também concordaram sobre a necessidade de reavaliar o Urupabol, antigo projeto de integração que nasceu em 1963, e fortalecer a hidrovia Paraguai-Paraná, que, pela proposta paraguaia, pode levar o gás ao mercado uruguaio. Duarte afirmou que seu país mobiliza grande parte da sua produção e das importações pela hidrovia que, na sua opinião, "é uma opção excepcional para dar maior competitividade a nossos produtos".

Imperialismo

Em seu discurso, Chávez destacou ainda que a construção do Gasoduto do Sul não interessa ao império norte-americano. “Nosso norte é o Sul e o gás fica no Sul”. A reserva de gás na Venezuela chega a mais dois séculos, “mas se for levado para o Norte, não alcança nem 50 anos”.

“Os EUA consomem 25% da energia global, isso não pode ser. É preciso mudar, isso é patê do nosso subdesenvolvimento e parte do desenvolvimento deles”, disse o chefe de Estado.  O Gasoduto do Sul constituirá um eixo entre Venezuela, Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia, incluindo o desenvolvimento de projetos sociais na região.

Segundo o líder da Revolução Bolivariana, o gasoduto Brasil-Argentina, que terá 12 mil quilômetros, precisa ainda de investimentos na casa dos US$ 20 bilhões para sair do papel.

Mercosul

Chávez fez ainda um novo chamado à necessidade de se reestruturar o Mercado Comum do Sul (Mercosul), porque do contrário irá “morrer”. Chávez está no Brasil hoje e se encontrará com o presidente brasileiro à noite em Brasília.

O alerta do presidente foi dado em Assunção, no Paraguai, onde aconteceu a reunião quadrilateral de trabalho com seus colegas paraguaio, Nicanor Duarte, boliviano, Evo Morales, e uruguaio, Tabaré Vázquez. Para ele, se o Mercosul tiver que morrer para que nasça uma verdadeira integração, então que morra”.

 

Chávez destacou também que os países da América Latina conhecem os fundamentos da integração, mas não possuem a estratégia para essa união. “Os que não querem que nos integremos, estes sim têm uma estratégia desintegradora”, afirmou.

Da Redação
Com agências.