Bancos brasileiros estão entre os maiores das Américas

"É difícil para o brasileiro comemorar esse resultado. Ninguém gosta de banco: filas, altas taxas, juros abusivos. Quanto menor o saldo, pior o tratamento prestado”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco

Pesquisa realizada pela consultoria Economática revelou que três bancos brasileiros – Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, nessa ordem – figuram entre os primeiros dos 20 maiores das Américas. A classificação foi feita por ativos totais e rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido médio em 2005. De acordo com a consultoria, os índices alcançados pelos brasileiros batem de longe os maiores bancos americanos. A rentabilidade do Itaú, por exemplo, ficou em 35,6%, enquanto a do Citigroup (maior banco do mundo em ativos) ficou na casa dos 22,2%. O que deveria ser motivo de comemoração, para a categoria bancária é a tradução de muito sacrifício com baixo retorno.

Sobre o lucro dos bancos, tem peso cada vez maior a receita com prestação de serviços. Resultado das tarifas que são cobradas por produtos e serviços, essa mudança na composição do lucro vem de uma alteração no papel dos bancos na sociedade. “Agências com poucos bancários obrigam os clientes a fazer o serviço, pelo qual pagam, nos caixas-eletrônicos, telefone, internet. Fica a cargo dos trabalhadores a tarefa de vender produtos caros que engordam a já obesa lucratividade dos bancos”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino. Isso faz com que a receita advinda das tarifas cubra toda a folha de pagamentos dos bancos, com sobras. No caso do Itaú, o que o banco arrecada com as taxas cobradas dos clientes cobre 186% da folha de pagamento do banco.

“Por isso, é difícil para o brasileiro comemorar esse resultado. Ninguém gosta de banco: filas, altas taxas, juros abusivos. Quanto menor o saldo, pior o tratamento prestado”, diz o dirigente, lembrando o crescimento dos correspondentes bancários, responsáveis pelo atendimento à população não bancarizada ou de baixo poder aquisitivo. “Os bancos não querem abrir agências onde não há interesse financeiro. Então, contratam lojas para receber pagamentos, preencher proposta de abertura de contas, poupança etc. Assim, lucram muito, só que não geram mais empregos”, completa o dirigente.

Na década de 1980 havia 800 mil bancários no Brasil. Esse número caiu até os cerca de 400 mil atuais. Em 1994 havia em média 33 bancários por agência, dez anos depois não passam de 23. Cada um deles, responsável por 184 contas-correntes – em 1993, cada bancário era responsável por 67 contas.

Fonte: Sindicato dos Bancários de SP