Fundador do Greenpeace defende energia nuclear

O ambientalista Patrick Moore, um dos fundadores do grupo Greenpeace, defende a energia nuclear e diz ser essa a única maneira de evitar uma "catastrófica mudança climática" decorrente das emissões de CO2. Moore, que ajudou a funda

Em um artigo publicado no último domingo (16/4) no jornal americano The Washington Post, o ambientalista Patrick Moore, um dos fundadores do grupo Greenpeace, defende a energia nuclear e diz ser essa a única maneira de evitar uma "catastrófica mudança climática" decorrente das emissões de CO2. O artigo chega em meio ao impasse sobre o enriquecimento de urânio no Irã e os 20 anos de Tchernobyl, desastre que será lembrado no próximo dia 26.

Moore, que ajudou a fundar o Greenpeace nos anos 70 mas abandonou o grupo em 1986 por criticar os rumos do movimento, diz ter mudado a sua visão sobre a energia nuclear ao longo dos anos e sustenta que o resto do movimento ambiental também precisa renovar as suas posições. Para ele, a energia nuclear é a única fonte de larga escala que é eficiente financeiramente e que pode reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, ainda que mantendo a crescente demanda por energia.

Moore argumenta a favor da implantação de um agressivo programa de energias renováveis, aliadas à energia nuclear. Segundo ele, a energia atômica é o único substituto viável para as atuais instalações movidas à carvão já que métodos como a energia solar e eólica são muito imprevisíveis e intermitentes para suprir as atuais necessidades.

O ambientalista não nega os riscos existentes na energia atômica, porém relata que os avanços tecnológicos das últimas décadas garantem uma nova segurança às usinas, impedindo a possibilidade de acidentes como os que ocorreram no passado.

36% das emissões de gás carbônico nos EUA, o que também representa 10% dos índices globais, são produzidas pelas mais de 600 usinas de carvão no país, revelou Moore.

Programa iraniano

O artigo foi divulgado três dias dias depois do anúncio do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de que o país estaria realizando operações técnicas que permitiriam já o enriquecimento de urânio para a produção de energia. O Irã tem uma oposição cada vez maior ao seu programa nuclear a partir das potências ocidentais. Americanos e europeus — dentre eles britânicos, franceses e alemães — já declararam que não permitirão ao Irã que desenvolva tecnologia para uso nuclear e poderão adotar sanções contra o país, pressionando a ONU nesse sentido.

Moore não desqualifica os perigos da tecnologia nuclear quando nas mãos "erradas", porém reclama que "não podemos simplesmente banir toda tecnologia que for perigosa." Segundo o ambientalista, essa era a mentalidade da Guerra Fria, quando "tudo que era nuclear parecia escrever 'desastre' para a humanidade e para o ambiente."

"A única saída prática para a questão da proliferação de armas nucleares é priorizar o assunto nas discussões internacionais", defende Moore. Para ele, novas tecnologias como o sistema de reprocessamento de lixo nuclear, recentemente introduzido no Japão, devem dificultar o uso do urânio para a construção de armas atômicas.

Com agências internacionais