Barbosa: PT não deve ficar refém do “farisaísmo desses babacas (da oposição)”

O PT pretende ignorar as denúncias fabricadas pela imprensa contra o governo Lula em seus próximos programas televisivos. A ordem é centrar na agenda positiva e, nas palavras do novo publicitários do partido, Edson Barbosa, "não ficar r

"Enquanto eles acusam, o PT faz mais pelo Brasil." Com este bordão, o Partido dos Trabalhadores fará 30 inserções comerciais na semana que vem, de 30 segundos cada, em que confrontará o atual governo com o anterior. No entanto, em vez de falar apenas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os petistas optaram por começar o confronto com o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin. "Quem fez mais pelo Brasil? O PT de Lula ou o PSDB de Fernando Henrique e Alckmin?", pergunta o locutor no início da propaganda. Em seguida, entrarão comparações sobre geração de emprego, programa Bolsa Família, apoio ao desenvolvimento rural e saldo da balança comercial.

Até maio, quando irá ao ar o programa de 20 minutos do partido, o PT terá direito a mais 50 inserções de 30 segundos. O pacote faz parte da propaganda eleitoral gratuita que as emissoras de rádio e televisão são obrigadas pela Lei Eleitoral a veicular ao longo do ano.

Neste primeiro semestre, a propaganda é resultado do contrato assinado pelo PT este mês com a Link Comunicação e Propaganda, do publicitário baiano Edson Barbosa, o Edinho. "O Alckmin entra nas inserções porque ele é a maior representação política do PSDB hoje. Ele é o nome do PSDB para disputar a Presidência da República. Não dá para comparar o que é feito com o sonho do ideal. Mas dá para comparar com o que havia antes", diz Edinho.

Perguntado se o PT irá tratar das denúncias que a imprena e a oposição tem ventilado constantemente, Edinho foi enfático: A ordem é centrar na agenda positiva e, "não ficar refém do farisaísmo desses babacas [os líderes da oposição]".

Apesar de só ter formalizado o vínculo com o PT este ano, o publicitário fez consultoria para o partido desde o ano passado, quando foram afastados dirigentes envolvidos no escândalo do mensalão, como José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira. Edinho começou a consultoria quando o atual ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, passou a presidir o PT e continuou a dar sugestões quando a presidência foi assumida pelo deputado Ricardo Berzoini (PT).

No programa sobre emprego, a inserção do PT dirá que foram criados 4 milhões de empregos no governo Lula, contra 700 mil do governo Fernando Henrique. Sobre os programas sociais, falará em 10 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família e dirá que o benefício não existia no governo anterior. Na verdade, o Bolsa Família é a junção de vários programas sociais já existentes no governo tucano, como o Bolsa Escola e cartão alimentação.

A consultoria de Edinho refletiu também em algumas propagandas institucionais do governo federal, com peças mais informativas sobre realizações e obras. Oficialmente, a Link tem dois contratos na área federal: com os Correios e o Ministério da Agricultura.

Edinho diz que a propaganda do PT não tem a intenção de esconder as denúncias que envolveram o partido e o governo. Por isso, vai citar que a oposição faz acusações. Mas pretende deixar claro que as investigações estão sendo feitas pelas instâncias competentes, como Polícia Federal e Ministério Público. Com a proibição por lei de fazer referência à candidatura de Lula à reeleição, a opção é exaltar as realizações de governo e lançar um desafio ao principal adversário, o PSDB.

A ligação do publicitário com os petistas é antiga. Na Bahia, Edinho fez campanhas para Waldir Pires e Nelson Pelegrino. Também teve contas com o governo federal no governo Fernando Henrique Cardoso, como o Ministério dos Transportes.

A campanha televisiva do PT irá usar recursos clássicos da propaganda política:  como imagens de pessoas felizes e obras sendo construídas. Um dos filmetes gravados mostra uma mulher que diz: "O governo do presidente Lula já distribuiu Bolsa-Família a mais de 50 milhões de brasileiros pobres, que já não passam fome. Por isso que Lula é o meu presidente". No fim, faz uma provocação à oposição: "Enquanto eles acusam, o PT faz mais pelo Brasil".

"É uma linguagem simples e direta, do depoimento-verdade. Os conflitos a sociedade está resolvendo com seus instrumentos. A população quer saber o que o governo está fazendo e o que vai fazer", diz Barbosa.

Da redação
com informações das agências