Escritor mexicano diz que imigrantes podem parar EUA

O escritor mexicano Guillermo Arriaga afirmou neste sábado que o dia em que os milhões de imigrantes que vivem nos Estados Unidos decidirem fazer uma greve em massa "vem abaixo a economia americana".

O escritor mexicano Guillermo Arriaga afirmou neste sábado que o dia em que os milhões de imigrantes que vivem nos Estados Unidos decidirem fazer uma greve em massa "vem abaixo a economia americana".

O escritor estava na capital britânica para lançar o filme "Os Três Enterros de Melquíades Estrada", que conta o drama dos imigrantes mexicanos na fronteira com os Estados Unidos.

Arriaga, roteirista de filmes como "Amores Brutos" e "21 Gramas", considerou que uma greve em massa "não demorará a acontecer" e causará "sérios problemas" aos EUA. Os imigrantes vindos da América Latina são a segunda minoria mais presente no país. "Não é mais a minoria negra", disse.

"Sempre quis fazer um filme sobre um momento em que toda a mão-de-obra mexicana parasse. Mais que um protesto, vai mostrar o que acontecerá quando estes milhões de imigrantes decidirem parar".

Essa foi a resposta à questão sobre os protestos em massa de imigrantes nos EUA contra a reforma da lei de imigração que está sendo debatida no Senado do país.

A reforma decidirá o futuro de cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais e prevê, entre outros pontos, a criminalização de estrangeiros em situação irregular, a construção de muros nas fronteiras e a taxação do envio de remessas aos países de origem.

Arriaga ressaltou que a principal causa da tragédia vivida por seus compatriotas nos EUA é a incapacidade do México em criar uma economia dinâmica que dê emprego a seus cidadãos e evite que emigrem ilegalmente.

Em sua opinião, "os Estados Unidos têm todo direito de proteger seu país como quiser, de pôr quantos muros desejar". Mas advertiu, por outro lado: "Então que não contratem ninguém, que não exista essa relação hipócrita, que todos sejam expulsos em massa", afirmou. "Se vão contratar e vai haver essa relação de trabalho, que não empurrem as pessoas para a morte", continuou Arriaga. Ele acredita que a imigração é um processo "implacável" no mundo todo.

"O primeiro mundo foi um pouco ingênuo, disse: 'vamos abrir as fronteiras para nossos produtos', mas não se dão conta que a globalização também leva a um intercâmbio de indivíduos. E o nível de vida necessário no capitalismo promovido pelo primeiro mundo precisa de mão-de-obra barata", avaliou.

"A imigração muda a face das nações, seus rostos, seus modos, seus tempos, mas não necessariamente para o mal. Não se pode esquecer que a França é campeã do mundo graças aos imigrantes. Um grupo de árabes tornaram a França uma potência mundial de futebol", afirmou.

"Os Três Enterros de Melquíades Estrada" deu a Arriaga a Palma de Ouro de Melhor Roteiro no último Festival de Cinema de Cannes. O filme conta a história de um rancheiro americano (Tommy Lee Jones) que, após o assassinato de um amigo que entrou ilegalmente nos EUA, decide enterrá-lo em sua cidade natal e descobre o autor do crime.

O filme é a primeira parte de uma trilogia sobre a situação na fronteira dos Estados Unidos com o México. O autor continuará a saga com uma história de amor, que será produzida por uma companhia dos EUA, e uma reflexão sobre a pena de morte, dirigida pelo próprio Arriaga. Este deverá ser seu primeiro trabalho como diretor de um longa-metragem.

Fonte: EFE