Vôo pioneiro de Gagárin faz 45 anos

Gagárin foi o primeiro homem a viajar pelo espaço. Em 12 de abril de 1961 ele viveu um sonho inspirado sessenta anos antes pelo cientista russo Konstantin Tsiolkovsky, considerado o pai da cosmonáutica, que no início do século 20 já tinha ar

Yúri Aliekseievitch Gagárin foi o primeiro homem a viajar pelo espaço. Viveu um sonho inspirado sessenta anos antes pelo cientista russo Konstantin Tsiolkovsky, considerado o pai da cosmonáutica, que no início do século 20 já tinha arquitetado a base da cosmonáutica moderna. Durante a Segunda Guerra Mundial, a tecnologia se juntaria à teoria. Já em 1945, os conquistadores do espaço entravam nos céus perigosos.

A 9 de março de 1934, um garoto nasceu nos arredores de Moscou. Seu nome era Yuri Gagarin. Ele cresceu numa fazenda coletiva, onde seu pai trabalhava como carpinteiro. Quando Yuri tinha 7 anos, a Alemanha Nazista invadiu a União Soviética. Seu pai juntou-se ao exército, enquanto sua mãe o levava, junto com seu irmão mais velho e sua irmã, para um lugar mais seguro.
Metalúrgico aviador

Na escola, Yuri decidiu seguir uma carreira técnica e foi estudar numa escola perto de Moscou. Formou-se em 1951 como metalúrgico e matriculou-se numa Universidade industrial. Enquanto era estudante, passou a se interessar por aviões iniciando suas aulas de aviação em um aeroclube local. Muito cedo tornou-se evidente que o jovem Yuri tinha um talento natural para voar e, quando ele se formou, em 1955, alistou-se na então gloriosa VVS (Voieno Vozduchní Síli), a Força Aérea Militar do Exército Soviético. Era evidente para todos que a habilidade de Gagarin era superior ao normal. Logo ele foi designado como piloto de testes, voando aeronaves novas e experimentais.

Escolhido para a missão pioneira, tornou-se um dos mais conhecidos heróis da União Soviética fora do país. Após o vôo da Vostok (Oriente), continuou a trabalhar no programa espacial e em seu trabalho como piloto de teste da Força Aérea Militar. Foi em um teste, com um avião MiG-15, que morreu em 27 de março de 1968, com a idade de 34 anos: o aparelho se espatifou no solo em Kirjatch, na Rússia Soviética.

Companheirinho

Depois do pioneirismo de lançarem o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik (Companheirinho) ao espaço, o soviéticos lançaram insetos, depois ratos e por último cães, sendo Laika a mais famosa. Ao mesmo tempo, o país preparava seu primeiro cosmonauta. Vem dessa época a distinção entre cosmonauta e astronauta. Para os soviéticos, o termo cosmonauta era o mais correto, pois os viajantes cruzariam o cosmos e não os astros — daí o termo cunhado no ocidente, astronauta. Cerca de 2.000 pilotos soviéticos se apresentaram como voluntários, obedecendo aos padrões estabelecidos para o vôo.

Somente 20 deles permaneceram no programa espacial e começaram os os primeiros testes intensivos. Destes, seriam selecionados os seis primeiros pioneiros do espaço soviéticos. Dois deles eram os mais bem cotados: Yúri Gagárin e German Títov. Além das capacidades físicas e de pilotagem, os pilotos soviéticos deviam ter grande resistência à solidão e bons fatores psicológicos. Os futuros cosmonautas precisariam enfrentar problemas sozinhos, na vastidão do Cosmo.

Para o primeiro vôo, Gagárin acabou sendo o recomendado pela Força Áerea e então escalado. Titov teria sua chance mais tarde, na segunda missão soviética.

Oriente 1

Data: 12 de abril do ano de 1961. Aquele seria um dia histórico. Um cosmonauta, instalado dentro de uma minúscula nave de pouco mais de três metros, montada sobre um foguete de 40 metros de altura, preparava-se para ser lançado no espaço. Na manhã daquele dia, na base espacial de Baikonur, no Cazaquistão Soviético, todos os envolvidos no projeto não esperavam outra coisa que não fosse o sucesso da arriscada missão.

Duas horas antes do lançamento, Gagárin aproximou-se da torre de serviço ao lado do foguete, vestindo seu uniforme alaranjado de cosmonauta e o capacete branco com as letras vermelhas SSSR (URSS) em cirílico. Subiu no elevador os 40 metros até sua nave, no topo do foguete e aguardou a contagem regressiva.
A Terra é azul

Às 9h07, pela hora oficial de Moscou, quando o foguete lançador começou a subir. Na sequência, Gagárin faria uma órbita completa da Terra, voando durante quase duas horas, a bordo da cosmonave batizada como Vostok 1 (Oriente 1), que pesava 4.727 quilos. Durante seu vôo, diria a famosa frase: "Eu vejo a Terra. Ela é azul ". Jamais um ser humano havia observado seu planeta de tão alto. Ficou 108 minutos no espaço.

O vôo de Gagárin consistiu em fazer uma órbita na Terra na altitude de 315 km. A carga da nave incluia equipamento de suporte a vida, rádio e televisão para monitorar as condições do cosmonauta.

O vôo foi totalmente automático, sendo que o painel estava travado e Gagárin possuia uma chave em um envelope fechado caso houvesse necessidade de tomar o controle manual da nave. Um problema não identificado pelo controle da missão acabou não separando um dos módulos de equipamentos da cápsula, provocando uma situação crítica ao se queimar na reeentrada.

Como planejado, já na atmosfera terrestre, Gagárin ejetou e desceu usando um pára-quedas próprio. Acabou aterrisando em Sarátskaia, na Sibéria. Foi recebido por uma incrédula camponesa, que não acreditava ser ele um soviético recém egresso do espaço. Sua viagem espacial dura quase duas horas, o suficiente para fazer uma volta em torno do globo. O suficiente para Gagárin ser recebido em triunfo. Em Moscou, a multidão fica tão entusiasmada como ficou no final da Segunda Guerra Mundial. De certa forma, Gagárin é tão importante para a História como o foram Cristóvão Colombo e outros descobridores.

Da redação