PCdoB/Ce realiza Seminário sobre Novo Ciclo de Desenvolvimento

Realizou-se no último dia 10 de abril no auditório da Universidade Regional do Cariri – URCA, em Crato, o 5º Seminário sobre um novo ciclo de desenvolvimento para o Ceará, organizado pelo PCdoB. Entre os objetivos principais da iniciativa está o

Realizou-se no último dia 10 de abril no auditório da Universidade Regional do Cariri – URCA, em Crato, o 5º Seminário sobre um novo ciclo de desenvolvimento para o Ceará, organizado pelo PCdoB. Entre os objetivos principais da iniciativa está o levantamento de subsídios junto a militantes comunistas, estudiosos e vários segmentos da sociedade, em preparação de um programa alternativo para as forças progressistas que disputarão o próximo pleito eleitoral.

 

O seminário foi aberto com uma apresentação cultural que envolveu os dançantes do coco de D. Edite da Batateira, uma antiga militante do PC do B, que usa a arte como forma de manifestação política. Esta dança também é uma das inúmeras tradições culturais características do interior do Estado do Ceará que tem resistido bravamente à indústria cultural que foi montada no Estado com o objetivo único de ser objeto de consumo turístico.

 

Em seguida a apresentação foi composta a mesa de debates formada pelos seguintes palestrantes: Alberto Teixeira, professor doutor da Universidade federal do Ceará e da Universidade Estadual do Ceará , Diretor da Escola de Formação de Governantes; Plácido Cidade Nuvens, ex-prefeito do município de Nova Olinda, ex-vice-reitor e professor da URCA; Jorge Pinto, mestre em desenvolvimento regional e coordenador da ONG Associação Cristã de Base – ACB; Deputado Estadual pelo PCdoB Chico Lopes; Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), Presidente Regional do PCdoB e os professores Darlan Reis e Cícero Aurelisnôr, respectivamente presidentes do PCdoB em Crato e Juazeiro do Norte.

 

Com o auditório literalmente lotado de líderes comunitários, representantes de diversos partidos políticos, centenas de alunos e professores universitários, iniciou-se o seminário com a palestra de Alberto Teixeira. O estudioso conclamou os presentes a refletirem o que é desenvolvimento regional e qual o tipo de desenvolvimento deve ser adotado no Ceará. Teixeira alertou que este exercício reflexivo é necessário porque vai definir que políticas públicas serão adotadas e as conseqüências advindas desta na melhoria ou não do nível de vida da população.

 

Em seguida foi apresentada pelo representante da Associação Cristã de Base, uma proposta de desenvolvimento sustentável, especifico para as áreas rurais. A entidade sugere um modelo de agricultura ecologicamente correta, levando em consideração as condições climáticas especificas dessa região semi-árida e é uma forma alternativa e bem sucedida usada por vários agricultores da região. A proposta demonstra que existem novas formas, simples e rentáveis, que podem ser postas em prática pelo homem do campo, contrapondo-se aos modelos da agroindústria que colocam em risco o meio ambiente, com graves riscos ecológicos e conseqüências humanas e sociais.

 

O Presidente Regional do PC do B, Carlos Augusto Diógenes, colocou a importância de relacionar a existência de um novo ciclo de desenvolvimento a uma nova proposta de poder político. O dirigente comunista afirmou que a eleição do Presidente Lula foi um salto importante para a concretização dessa idéia. Conclamou os presentes a aproveitar o caráter democrático desse governo para exigir a adoção de políticas públicas que sejam efetivas e capazes de promover desenvolvimento econômico e social aproveitando as potencialidades regionais do Brasil. Diógenes ressaltou que apesar do Brasil possuir regiões diferentes e com contradições gritantes, pode, com base numa proposta alternativa, viver um novo ciclo de desenvolvimento, o que reforçaria o nosso papel de liderança da América Latina, condição importante para se contrapor ao modelo espoliador e neoliberal de desenvolvimento.

 

Dando prosseguimento ao debate, o Deputado Chico Lopes, afirmou que desenvolvimento econômico não é sinal de desenvolvimento social, lembrando que nos últimos anos o país enfrentou em vários momentos, avanços consideráveis em várias áreas. O parlamentar lembrou entretanto que isto não se transformou em melhoria do nível de vida da população, exceto setores privilegiados da população a exemplo dos beneficiários das políticas de privatização. No caso especifico do Ceará mencionou o Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE, cujos recursos oriundos da venda não se reverterem em benefício da população cearense.

 

O parlamentar chamou atenção para a importância do papel das instituições de ensino superior no desenvolvimento das regiões onde estão localizadas. Chico Lopes sugeriu que este papel seja repensado, até porque nos últimos 20anos, as políticas educacionais dos tucanos cearenses lideradas por Tasso Jereissati, sucatearam as universidades. Estas foram impedidas de contribuir com o desenvolvimento da região e, além de permitir a proliferação de empresas de ensino privada sem nenhum controle em todas as regiões do Estado.

 

Já o professor Plácido Cidade Nuvens apresentou uma serie de indicadores econômicos que comprovam que nos últimos anos, a região do Cariri tem diminuído a sua participação do PIB do Estado. Isto se deveu à desagregação crescente do parque industrial regional, situação que tem graves conseqüências sociais e que só foi possível existir porque os atuais dirigentes do Estado, com uma política industrial equivocado privilegiaram Fortaleza e a região metropolitana. Finalizou a sua intervenção apontando a grande riqueza mineral, ecológica, paleontológica e cultural da região sul do Ceará, afirmando que um novo projeto político tem que ser repensado, por que só desta forma haverá melhores dias para o povo da região.

 

Mesmo depois das proveitosas intervenções dos palestrantes, ainda houve fôlego, por parte dos presentes para fazerem perguntas, intervenções e participarem ativamente das discussões, demonstrando a riqueza da temática e superando todos os objetivos propostos inicialmente pelos coordenadores do seminário.

De Crato, Roberto Siebra.