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Números da Refundação Comunista: de 16 para 68 parlamentares

O Partido da Refundação Comunista (PRC), ao analisar o resultado das eleições parlamentares italianas neste domingo e segunda-feira (8 e 9), considera que ele é a “fotografia de um êxito obtido nas cidades e

Na vitória sob medida da União, um elemento é evidente e inegável: o extraordinário êxito do PRC. As percentagens de voto aumentaram por toda parte e quase dobraram em muitos casos. A Refundação foi a lista que mais avançou em termos de cadeiras no Parlamento: 52 cadeiras a mais que em 2001.
É verdade que com a nova lei eleitoral a comparação se torna imprópria [a nova lei aumenta as bancadas dos partidos da coalizão majoritária]; mas passar de 12 deputados no início da legislatura para 41 [num total de 630], e de quatro senadores para 27 [num total de 315], pode ser tranquilamente etiquetado como um boom. Com particularidades que merecem destaque, como a da Basilicata, que elege pela primeira vez um senador, ou melhor, uma senadora, Anna Maria Palermo. Ou a Sardenha, onde o aumento em relação a 2001 é superior a 100%, 8,4% contra 4,0%.
O PRC cresce em toda parte
Quando se lê as tabelas, não se encontra um sinal de menos no jogo das diferenças com 2001. O PRC cresce em toda parte, do Piemonte, com seus 8,1%, até as ilhas, onde passa de 5,1% para 7,4% (em Palermo, 5,2%). “Na Sicília, pela primeira vez na história do partido, teremos dois senadores e dois deputados”, diz Rosario Rappa, secretário regional siciliano. “Somos o terceiro partido da [coalizão de] centro-esquerda e crescemos em relação tanto a 2001 como às eleições européias”, agrega.
São regiões do país onde os militantes e dirigentes do PRC se engajaram nas lutas sociais e do trabalho. Merecem menção à parte os distritos de Pomigliano d’Arco e Acerra: o primeiro por ser o lugar onde os trabalhadores da Fiat mais combateram as decisões da empresa; o segundo pela luta de moradores, vitoriosa. Ali a Refundação obteve respectivamente 16,3% e 14%.
A capital regional, Nápoles, comparece com 9,7%. “É a demonstração de que é possível interpretar o papel de ser governo em forte conexão com as lutas sociais; foi aquilo que fizemos em Nápoles” –  analisa o dirigente provincial Peppe De Cristofaro. – “É o caso do fornecimento de água, no qual nosso partido se empenhou, ao lado de tantas realidades sociais e políticas, até uma importante vitória”. E da Campania chega um novo recorde, com o novo deputado do PRC Gennaro Migliore: “Conseguimos, ao eleger três senadores e quatro deputados, o maíor resultado da representação na nossa região”.
Em Bolonha, os números são 5,35% para a Câmara e 6,5% para o Senado, quase 31 mil votos no total, o triplo das regionais de 2005 e “o melhor resultado desde 1998, ano da cisão”, com aqueles que agora são o Partido dos Comunistas Italianos, sublinha Tiziano Loreti, secretário provincial. O resultado, reconhecido mesmo pelo prefeito Sergio Cofferati, também é atribuido, segundo Loreti, à vizinhança com os problemas da sociedade bolonhesa. “Estávamos nas lutas dos metalúrgicos, na da retomada dos velhos horários na Biblioteca de Sala Borsa, nas iniciativas junto aos trabalhadores precarizados de Iperbole, Seribo, junto com os professores e estudantes pela manutenção dos cursos profissionais nas escolas Aldini”, relata ele.
Os resultados nas grandes cidades
Nas áreas metropolitanas os resultados foram extraordinários. Nas grandes cidades e suas vizinhanças, o PRC deu passos de gigante, tanto que em muitos casos se posiciona como o segundo partido da União, ultrapassando a Margherita. Foi o que aconteceu em Roma, com 9,4% dos votos para o Senado, 7,9% para a Câmara. “Na nossa administração estamos travando várias batalhas, que vão do direito à moradia ao de trabalho estável. Evidentemente os cidadãos romanos apreciaram esse empenho”, comenta Adriana Spera, assessora do PRC na Câmara de Veltroni.
A Margherita também foi ultrapassada em diversas cidades do centro, onde o resultado quase sempre tem dois dígitos: Livorno supera 18%; Florença 11%; Pisa 12%; Perugia e Lucca 10%.
Em Arezzo, onde o PRC teve um papel de protagonista na denúncia de Variantopoli, que derrubou o prefeito da Força Itália [o partido direitista de Silvio Berlusconi], Luigi Lucherini, as urnas registraram ótimos 10,5%. “Avançamos em votos e em percentuais; o extraordinário resultado para o Senado demonstra as imensas possibilidades de crescimento que a aproposta política de nosso partido possui na cidade”, reflete Alfio Nicotra, líder do PRC arentino.
Em Turim e Gênova, a Refundação teve 9,3% das preferências; em Milão, 8,4%. Nada mal para duas regiões, Lombardia e Piemonte, que estão nas mãos da direita. “Se alguém pode se dizer satisfeito, somos nós”, escreve num comunicado de imprensa Elzio Locatelli, secretário regional lombardo. “O resultado é particularmente significativo se consideramos o quadro de uma região onde a centro-direita partia de uma absoluta vantagem”, agrega.
Em Puglia, governada por Nichi Vendola, um dos fundadores do PRC, a centro-esquerda não venceu em nível regional, mas com certeza melhorou em relação a 2001, e a Refundação teve 6,6%. “É um belíssimo número; foi a primeira vez em que não fui candidato e talvez por isso o partido esteve muito bem”, brinca Vendola. Depois, sério, contesta que o voto tenha sido um referendo condenatório do governo regional: “Estas foram eleições políticas”, corta seco.
Também na Calábria, a foice, o martelo e a esquerda européia tiveram o segundo melhor resultado da União, “e depois de uma campanha eleitoral quase ignorada pela mídia, mas sempre em contato com o povo e penetrando com respeito e humildade nos locais de trabalho”, comenta o secretário regional, Rocco Tassone.
O último dado desta resenha talvez desperte alguma curiosidade. Em Veneza, a Refundação teve 8,4% para o Senado enquanto a Câmara ficou em 1,9%.

As tendências do PRC opinam
Estas eleições seguramente passarão à história por mais de um motivo. Foi o que disse o secretário-geral do partido, Fausto Bertinotti. É o que confirma Claudio Grassi, novo senador e coordenador do “Ser Comunista”, que compõe a tendência minoritária no interior do partido. “Encerrou-se um capítulo sombrio da nossa história republicana”; o resultado do PRC “é positivo no conjunto, excelente no Senado e satisfatório na Câmara”.
Já Salvatore Cannavó, eleito para a Câmara e porta-voz da “Esquerda Crítica”, comenta: “Prodi errou porque a União não combateu o berlusconismo; oo governo se anuncia fragilíssimo: ou recupera radicalidade de conteúdo, ou não vai durar.”
Mais incisiva a posição de Marco Ferrando: “A vitória por estreitíssima margem confirma o quanto o ‘Projeto Comunista – Esquerda do PRC’ sublinhou nas últimas semanas. Romano Prodi se deixou ficar encostado no muro das direitas. Os trabalhadores pouco têm a festejar”.
Fonte: http://home.rifondazione.it;
intertítulos do Vermelho