Irã inicia enriquecimento de urânio e provoca reações de Rússia e UE

Rússia e União Européia (UE) reagiram com veemência à notícia de que o Irã teve sucesso em sua primeira iniciativa de enriquecer urânio, iniciando o ciclo de produção de combustível nuclear. Já a

Rússia e União Européia (UE) condenaram hoje a notícia de que o Irã teve sucesso em sua primeira iniciativa de enriquecer urânio, iniciando o ciclo de produção de combustível nuclear, feito ontem pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

Ontem o líder do Irã disse, em discurso na TV, que seu país conseguiu realizar atividades de enriquecimento de urânio, indo na direção contrária às exigências efetuadas pelo Conselho de Segurança da ONU e pela Agência Internacional de Energia Nuclear.
"O Irã se integrou aos países nucleares", afirmou Ahmadinejad na noite de ontem, acrescentando que os países ocidentais devem "reconhecer e respeitar" o direito do Irã. O vice-presidente da Agência da Energia Atômica no Irã, Mohamad Saeedi, anunciou hoje que seu país começará a enriquecer urânio em grande escala. Segundo o presidente iraniano, até o momento foram utilizadas 164 centrífugas para produzir urânio em baixa escala.
Condoleeza irritada
Tentando demonstrar irritação durante coletiva de imprensa cedida em Washington, a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, disse que o Conselho de Segurança da ONU deveria tomar "medidas fortes" para forçar o Irã a retroceder. "Acho que o CS deverá levar em conta esta decisão do Irã", trovejou a secretária em declarações à imprensa.

O órgão da ONU deverá tomar "medidas fortes" para garantir a manutenção da credibilidade da comunidade internacional, acrescentou Rice, sem dizer quais podem ser as medidas a ser tomadas para persuadir o regime iraniano a abandonar suas ambições nucleares.
Para os inimigos…
Para a administração americana, o direito do país islâmico de ter acesso à tecnologia nuclear não existe. O regime americano tem tentado convencer o mundo de que a única razão que faz o Irã prosseguir no seu projeto é a de construir armas nucleares.

"Não é uma questão sobre o direito do Irã ao poder nuclear civil" mas, segundo Condoleezza, trata-se de fazer o mundo acreditar que o país islâmico não deve ter a capacidade e a tecnologia necessárias para "construir armas nucleares".

Para Condoleezza, a afirmação de terça-feira das autoridades iranianas, de que o ciclo de produção de combustão nuclear tinha sido completado, "demonstra que Teerã continua sem cumprir os requisitos da comunidade internacional", o que requer uma resposta do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Acho que o CS deverá levar em conta esta decisão do Irã", insinuou a secretária de Estado. Para ela, oórgão da ONU deverá tomar "medidas fortes", sem dizer quais podem ser as medidas a ser tomadas para forçar o Irã a abandonar seus projetos nucleares.

UE "preocupada"

A UE expressou sua "preocupação" com as declarações de Ahmadinejad. "Isso é lamentável", afirmou Emma Udwin, porta-voz da Comissão Européia. "Procuramos uma solução diplomática, mas tais declarações não ajudam".

O ministro das relações exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o uso da força não seria a solução para a questão do Irã, mas não reiterou a oposição à adoção de sanções.

O vice-porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, disse hoje que, com as declarações, o Irã mostrou que "não está disposto a abandonar o caminho rumo ao isolamento internacional".

Segundo Steg, a Alemanha — que "participa ativamente" da busca de uma solução diplomática para o conflito — "tomou nota dessa informação" e colaborará com os próximos relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Steg lembrou ainda que o diretor da AIEA, Mohamed el Baradei, viajará nesta quinta-feira a Teerã e que, depois da visita, apresentará um relatório.

O porta-voz disse que, para Berlim, a proposta de Moscou de ter em seu território uma central de processamento de urânio russo-iraniano continua sendo "um elemento importante" na busca de uma "possível solução".
Contraproducente

O embaixador chinês na ONU, Wang Guangya, disse ontem que as medidas militares e econômicas tomadas para resolver a questão nuclear do Irã são "contraproducentes".

Wang, atual presidente do Conselho de Segurança da ONU, disse à mídia que as essas medidas "certamente produzirão maus resultados". "Ainda consideramos que as negociações e a soçlução diplom[ática são a melhor saída", disse.

Além disso, Wang reiterou que a AIEA é o melhor lugar para discutir o problema nuclear iraniano e expressou a esperança de que a visita de amanhã ao Irã do chefe da AIEA, Mohamed el Baradei, "seja frutífera".

Com agências internacionais