Mulheres Jenipapo-Kanindé reivindicam melhorias

Demarcação das terras, ampliação dos serviços de saúde, melhores condições de ensino para crianças e jovens e valorização da mulher. Essas questões pautaram os três dias de

Demarcação das terras, ampliação dos serviços de saúde, melhores condições de ensino para crianças e jovens e valorização da mulher. Essas questões pautaram os três dias de debates do I Seminário das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé, realizado de 7 a 9 passado, no lugarejo Lagoa Encantada, em Iguape, Aquiraz, a 40 km de Fortaleza.

Promovido pela comunidade indígena Jenipapo-Kanindé, o Seminário, segundo informou a líder Maria de Lourdes da Conceição Alves, a cacique Pequena, teve como proposta discutir os problemas da comunidade com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Secretaria da Educação do Estado (Seduc) e Prefeitura de Aquiraz.

Os debates aconteceram num barraco de taipa, onde funciona a sede da Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé. Na sexta-feira, dia 7, foi debatido o tema terra. A comunidade ocupa uma área de 1.331 hectares. A posse das terras já foi reconhecida pela Funai, mas a demarcação ainda está regularizada.

A saúde foi o tema debatido no segundo dia do seminário, dia 8. Lagoa Encantada dispõe de uma unidade de saúde construída pelo Ministério da Saúde , com atendimento médico e odontológico voltado para aquela comunidade indígena. Embora o posto de saúde funcione em condições razoáveis, os índios solicitam a ampliação do acesso aos programas governamentais de saúde, principalmente para as crianças e idosos, segmentos mais atingidos por doenças.

A construção de uma nova escola foi reivindicada pela comunidade no debate sobre o tema educação, realizado na manhã de domingo, dia 9. O debate contou com a presença de duas representantes da Secretaria da Educação do Estado que ouviram atentamente os pleitos.

O coordenador da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental Jenipapo-Kanindé, Edson Dantas, informou que a estrutura física do prédio da unidade está em precárias condições, prejudicando o trabalho dos professores e a qualidade de ensino. Na escola, estudam 90 alunos e o corpo docente é composto por 9 professores e três funcionários de apoio (todos índios).

Segundo Edson Dantas, o teto do prédio da escola está totalmente danificado, os banheiros não funcionam, não tem água encanada e nem energia elétrica. A merenda escolar é trazida de outro lugar, porque a escola não oferece condições adequadas para preparar a alimentação dos alunos.

Dantas disse que, desde o ano 2002, foi assinado um convênio entre a Secretaria da Educação do Estado, Funai e Banco Mundial, assegurando os recursos para a construção da nova escola, mas até agora o projeto não saiu do papel. Rosa Carlota Braga, supervisora do Núcleo de Educação Indígena da Seduc, justificou que o projeto do novo prédio está em processo de estudo, mas prometeu que até o final deste ano será concretizado, o que garantirá a melhoria da infra-estrutura física e ampliação de novas vagas. A comunidade Jenipapo-Kanindé é formada por 72 famílias e 300 pessoas.

Fonte: jornal Diário do Nordeste