Mudança nos símbolos nacionais da Venezuela leva oposição de direita às ruas

O presidente Hugo Chávez celebrou com um grande desfile militar neste domingo (12/3) a mudança que fez em dois símbolos nacionais da Venezuela, enquanto seus opositores protestavam argumentando que isso era um capricho do governante.

Chavez propôs no final de 2005 agregar uma oitava estrela à bandeira nacional tricolor e mudar a posição do cavalo branco do escudo de armas para o animal parecer mais "livre e indômito".

A proposta, que ele assegurou não ser um capricho, foi realizada esta semana, quando o Parlamento aprovou as mudanças, que prestam um tributo ao venezuelano e libertador da América Latina Simón Bolívar, de quem Chávez tira a inspiração para fazer sua revolução bolivariana.

O ministro de Interior e Justiça, Jesse Chacón, defendeu a mudança feita nos símbolos nacionais. "A oitava estrela não e um capricho pois existem fundamentos que respaldam sua incorporação a la Bandera com o objetivo de retomar nossa história", afirmou Chacón.

Ele afirmou que a oitava estrela atende a um decreto assinado por Bolívar em 1817, para representar a província da Guayana – na verdade, um território da vizinha Guiana reivindicado pela Venezuela.

Na nova versão dos símbolos nacionais, o cavalo branco estampado na bandeira bicentenária galopa agora em direção à esquerda, e não mais para a direita. Há também uma nova estrela na faixa central da bandeira, em homenagem ao herói nacional Simón Bolívar.

No ano passado, Chávez desqualificou o cavalo do brasão, dizendo que "nem mesmo é venezuelano, é um cavalo imperialista", pois, segundo suas pesquisas, teria sido desenhado por um diplomata britânico. Ele também citava razões históricas para a mudança. Chávez contou que sua filha mais nova, Rosines, lhe perguntou por que no brasão de armas o cavalo galopava para a direita, com a cara virada para trás, como se refugasse.

"Este é um cavalo sendo domado, alguém o está segurando, eles o colocaram olhando para o passado", disse Chávez na época em que propôs a mudança.

"O cavalo agora olha para a esquerda com a cabeça voltada para o futuro, um cavalo branco, livre, indomado, como nossa nação é livre como nunca foi", disse a deputada Cilia Flores na noite de terça-feira, após a aprovação do projeto.

Um facão, um arco e flecha, flores e frutas tropicais também foram acrescidas ao brasão venezuelano, para representar os camponeses e indígenas.

Oposição protesta

Em protesto contra as mudanças, alguns grupos da oposição promoveram ontem um "Dia da Bandeira alternativo".

"Isso de mudar a posição do cavalo no nosso brasão nacional é um capricho do presidente, só porque a filha dele lhe perguntou", disse Oscar Pérez, dirigente do pequeno partido oposicionista Comando de Resistência Nacional.

A oposição condenou a nova bandeira, afirmando também que não é legítima, pois não houve uma consulta apropriada antes das mudanças. Perez afirmou que a oposição vai continuar a usar a velha bandeira. "Vamos continuar usando nossa bandeira de sete estrelas, a bandeira que os democratas reconhecem", disse.

"No momento os venezuelanos têm duas bandeiras: uma do totalitarismo, autocracia e comunismo, que é a bandeira de oito estrelas. E uma dos democratas, a de sete estrelas, que é a única que reconhecemos", acrescentou.

O governo quer fazer a mudança das bandeiras com custos baixos, permitindo um período de transição de cinco anos.

Dentro deste prazo, todos os prédios públicos terão que trocar para a bandeira nova.

Selos, moedas e passaportes também serão renovados.

Da redação
Claúdio Gonzalez
com informações das agências