Renato Rabelo: “Poder apenas para homens não é avanço, não é progresso”.

A frase do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, foi dita na abertura da Plenária  da Bahia da 1ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Questão da Mulher, no sábado (24/3), em Salvador e conquistou aplausos calorosos. Tanta ênfase poderia vir

A frase de Renato Rabelo não é apenas um arroubo de discurso. Ela se relaciona justamente com um dos desafios anunciados da 1ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Questão da Mulher que é o de superar no partido a subestimação da importância da luta pela emancipação da mulher.O presidente nacional do PCdoB  falou para um público de 500 comunistas- delegados,delegadas, além de convidados – que participou do ato político de abertura da etapa baiana da Conferência, realizada  no hotel Sol Barra, na capital baiana, neste sábado (24/3).


 


 


“Poder apenas para homens não é avanço, não é progresso, não é liberdade. A verdadeira revolução socialista se dá quando as mulheres tomam em suas mãos grande parte do poder. É por isso que temos que buscar a participação das mulheres nas instâncias partidárias e nas direções do partido. Temos que caminhar decididamente para que nas direções do partido se supere os 30% de mulheres, essa é a proporção mínima”. Além do entusiasmo com essa intervenção de Rabelo, o ato foi marcado por forte emoção quando a deputada federal Alice Portugal, em nome da direção estadual, fez a homenagem à dirigente comunista e feminista Loreta Valadares que morreu faz dois anos. Alice falou sobre a vida de Loreta marcada pela militância política, transmitindo um pouco da história dessa heroína da luta contra a ditadura militar que deu grandes contribuições à luta das mulheres e à formação do pensamento feminista brasileiro. No ato de abertura o dirigente nacional da ANP, Haroldo Lima defendeu que o socialismo como ponto de partida para a emancipação da mulher. Falaram ainda a superintendente de Promoção da Mulher, da Prefeitura de Salvador, Lena Souza, a representante da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade que engloba a Superintendência da Mulher, Izadora Salomão e a prefeita de São Sebastião do Passe, Tânia Portugal(PCdoB) que denunciou casos de violência sobre mulheres no município.


 


Uma grande força se mobiliza


 


A Plenária da Bahia foi composta por 255 entre delegados e delegadas, oriundos de 46 municípios e representando 1.040 filiados e filiadas que participaram de reuniões e debates sobre a temática da Conferência. As mulheres constituíram 69,41 dos participantes. E isso provavelmente é só uma amostra do que aconteceu em vários estados brasileiros colocando em ação uma grande força emanada da discussão sobre a temática como também da mobilização das mulheres resultante de ver a quebra da setorialização da discussão já que homens e mulheres do partido participaram.
Após a abertura, a dirigente estadual do PCdoB, Julieta Palmeira fez a apresentação das idéias centrais do documento em debate elaborado pelo Comitê Central e intitulado Tornar a Luta da Mulher uma Luta de Todo o Partido. O debate que se seguiu durante á tarde contou com intervenções de delegados e delegadas.em sua maioria defendendo propostas que foram encaminhadas sob forma de emendas à mesa dos trabalhos. 



 


Cotas de mulheres


 


De acordo com o dirigente estadual Milton Barbosa, integrante da Comissão de Relatoria, a ampla maioria das emendas foram aceitas pela comissão e aprovadas por unanimidade em plenário. “Entre as 38 emendas apresentadas ao documento-base foram incorporadas pela comissão 29, rejeitadas quatro e outras cinco não eram procedentes por serem semelhantes a diversos trechos do texto. Algumas emendas incorporamos com ressalvas em termos de melhorar a redação ou definir em qual parte do texto seria mais pertinentes incluí-las”.


 


Milton informa que a maior da parte das emendas se referia à ampliação da participação das mulheres nos espaços de poder, das dez apresentadas apenas uma foi rejeitada pela comissão. Outro tema  que teve muitas emendas foi sobre a questão racial.“ Foram várias emendas apresentadas na tentativa se incorporar ao documento o recorte de raça na questão de gênero.”, disse o integrante da Comissão de Relatoria


 


Cota de 30% de mulheres nas chapas do PCdoB em coligação com outros partidos ou em chapa própria da legenda para as próximas eleições municipais foi uma das emendas  aprovadas. 
A emenda apresentada pelo presidente estadual do PCdoB, Péricles de Souza e aprovada  por unanimidade pelos delegados e delegadas  mexe com uma área de grande disputa que são as candidaturas às câmaras municipais e às prefeituras e dá um importante impulso no espaço da mulher na política.Nada mais justo já que muitas mulheres tem se destacado. Na Bahia, por exemplo, metade da bancada do PCdoB na Câmara Municipal de Salvador é de mulheres.São vereadoras Olívia Santana e Aladilce Souza,além de Everaldo Augusto e Reginaldo Oliveira. Na Câmara Federal, a eleição de Alice Portugal e Daniel Almeida também deu à bancada baiana do PCdoB participação de 50% de mulheres.


 


Foi também aprovado o percentual mínimo de 30% de mulheres nas direções partidárias.
 


A Câmara deve ser também das deputadas


 


Uma emenda aditiva aprovada chama a atenção. A proposta é incluir no texto a recomendação à bancada federal do PCdoB para  apresentar projeto de emenda constitucional alterando a denominação da casa legislativa para Câmara dos Deputados e Deputadas.


 


 


Voto secreto na eleição da delegação


 


Foi eleita , em votação secreta, com voto depositado em urna, a delegação baiana constituída por 19 comunistas para a plenária final da Conferência  que ocorrerá em Brasília nos dia 29 a 31 de março. São 13 mulheres e 6 homens.



 


A Conferência se encerrou no inicio da noite. Deise Luz, 18 anos, estudante de Ciências Sociais e História, 2 anos filiada ao PCdoB e da UJS em Camaçari, diz um pouco do sentimento majoritário sobre a Conferência.  “É um marco na história do partido a realização da 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher. O PCdoB sempre esteve na vanguarda da luta pela emancipação da mulher. Já me sentia muito bem representada e me sinto mais  ainda  agora com a realização da Conferência. Estou muito orgulhosa.”