Sob críticas dos comunistas, Macron visita Trump

A visita do presidente francês, Emmanuel Macron, aos Estados Unidos, começou nesta segunda-feira (23), com um jantar com o casal Trump na residência de campo de George Washington. Macron é o primeiro dirigente estrangeiro ao qual Donald Trump concede a honra de uma visita de Estado

Macron e Trump

“Esta visita é muito importante no contexto que é o nosso hoje , com muitas incertezas, muitas turbulências e às vezes muitas ameaças”, disse o chefe de Estado francês ao aterrissar em solo americano. Macron passa ao largo do fato de que é parceiro de Trump num desses fatos turbulentos – o bombardeio à Síria, ao arrepio do direito internacional.

O primeiro encontro de Macron com seu colega Trump na Casa Branca – o sexto depois da ascensão ao poder em 2017 – foi marcado pela entrega de um presente, um carvalho de Belleau (Aisne), lugar emblemático de uma batalha em 1918 das forças estadunidenses contra as tropas alemãs. Para além do aspecto militar, o presente é uma oportunidade para Emmanuel Macron transmitir uma nova mensagem a seu colega norte-americano, pouco mais de um ano após a decisão deste último de se retirar do Acordo de Paris sobre o clima. Após a plantação da árvore de carvalho no jardim da Casa Branca, os dois casais embarcaram a bordo de um helicóptero presidencial Marine One para o Monte Vernon, residência histórica do primeiro presidente estadunidense, George Washington, para um jantar privado num local que é simbólico da amizade franco-americana.

A visita prossegue nesta terça-feira (24), com uma conversação no Salão Oval, um almoço no Departamento de Estado, um encontro com executivos franceses e estadunidenses, uma visita ao cemitério de Arlington e um jantar de Estado na Casa Branca. Rompendo a tradição, Donald Trump convidou poucos membros do Congresso e nenhum representante da mídia. Mais de uma centena de pessoas participarão do jantar oficial.

A aposta do presidente francês, diz o jornal comunista L´Humanité, de desenvolver um diálogo privilegiado com seu colega estadunidense, Donald Trump, ainda está para ser ganha. A próxima etapa será durante a visita iniciada nesta segunda-feira, quando o presidente francês pretende oferecer-se como mediador na questão nuclear iraniana.

Emmanuel Macron, de acordo com o jornal comunista, quer preservar seu status de melhor amigo dos Estados Unidos. Washington poderia rasgar o acordo nuclear com o Irã, ao passo que Paris propõe emendas.

Eles deveriam ser os piores inimigos do mundo, mas não estão longe de ser os melhores amigos, ao ponto de guardarem um para o outro as ocasiões mais simbólicas para as visitas mútuas. Emmanuel Macron convidou Donald Trump ao desfile do 14 de Julho (2017), antes de um jantar entre os dois casais presidenciais no topo da Torre Eiffel. Nesta segunda-feira (23), o presidente estadunidense devolveu a gentileza com a primeira visita de Estado: discurso do presidente francês perante o Congresso e convite do casal Trump a um jantar num local que não podia ser mais simbólico: o Monte Vernon, residência de campo de George Washington.

Quais serão os resultados de um tal cordial encontro entre o septuagenário americano que não lê sequer uma linha de um memorando, passa suas manhãs diante da televisão e não abre um livro, com o jovem presidente francês que canta loas à mundialização, engole dossiês e se jacta de ser dedicado à literatura e à filosofia?

Ser o melhor amigo de Donald, o “corajoso”, politicamente pesado, não repercute bem, afirma L´Humanité.

Na França, cresce a cólera, a França não aceita ser rebaixada a este ponto. Se Macron quiser, que fique com suas amizades proibidas, mas deixe-nos fora disso. Não em nosso nome! – conclui o jornal comunista francês L´Humanité.