Negociações com Israel e EUA atrasam reconciliação palestina

Em visita ao Brasil, representando a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Marwan Abdel Al deu declarações à TV Vermelho sobre as negociações com Israel e a ocupação israelense da Cisjordânia palestina. Ele compartilha a opinião de diversos grupos sobre o caráter infrutífero das conversações, mediadas pelos EUA de forma negligente frente às violações israelenses, e enfatiza a necessidade de reconciliação entre os partidos palestinos.

Por Moara Crivelente, para a TV Vermelho

Abdel Al é membro do Birô Político da FPLP, um dos partidos que integra a grande frente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Ele esteve no Brasil em fevereiro, quando também visitou a sede do PCdoB e participou do congresso nacional do MST.

Sobre as negociações entre a Autoridade Palestina – o órgão executivo da OLP, reconhecida como a representante legítima dos palestinos pela ONU – e Israel, ele também se mostra cético quanto à possibilidade de progresso e ao papel dos Estados Unidos, que se apresentam como mediadores. Assista aos trechos das suas declarações à TV Vermelho.

As propostas recentemente formuladas pelos Estados Unidos têm um foco problemático nas “preocupações securitárias” alegadas por Israel sobre o caráter e a formação de um Estado da Palestina desocupado e independente.

Entretanto, o caso dos refugiados palestinos – que, apesar de terem o seu direito de retorno reconhecido pelas Nações Unidas desde 1948, através da resolução 194 da Assembleia Geral – também é posto sistematicamente no mesmo plano estratégico, uma forma de os grupos racistas e de extrema-direita no governo israelense barrarem o cumprimento deste direito.

“Nós pagamos o preço desse refúgio e da Nakba [catástrofe, em 1948, quando milhares de palestinos foram expulsos ou mortos]; não há uma solução a não ser o respeito às resoluções adotadas pela ONU referentes ao retorno dos refugiados. A solução para os refugiados palestinos não é uma solução de cunho apenas humanitário, mas a volta desses refugiados para suas terras na Palestina,” disse também Abdel Al.

Perguntado sobre o significado do crescente apoio internacional à causa palestina e à resistência contra a ocupação, o representante disse que “o povo palestino não pode vencer sozinho, porque este inimigo não é só dos palestinos, o mundo sabe disso. É um regime que pratica a opressão, a segregação e a expulsão do povo palestino, um regime de apartheid, de racismo, como foi na África do Sul. É um inimigo da própria humanidade, e é um crime que Israel não seja punido e permaneça acima da lei”.

Além disso, Abdel Al respondeu ao Vermelho sobre o processo de reconciliação entre os membros da OLP e o Hamas, partido islâmico que governa a Faixa de Gaza, e o projeto democrático inclusivo da FPLP no contexto atual. “O povo palestino vive a etapa de uma luta de libertação nacional, quer libertar-se da ocupação, a ocupação mais antiga da história. Essa luta necessita de todos os segmentos e capacidades do povo palestino”, respondeu.

“Por isso, é necessária a unidade nacional, mas há várias intervenções que impedem a construção dessa unidade. Há erros também que criam obstáculos para a unidade, como o próprio processo de negociação”, mas a FPLP procura ser um pilar na reconciliação e na reaproximação entre os partidos palestinos, uma alternativa para o fortalecimento nacional.

Tradução do árabe: Khaled Fayez Mahassen e Emir Mourad