O Brasil e as suas novas circunstâncias eleitorais

O Brasil do ciclo Lula-Dilma posicionou nosso país com um forte protagonismo político mundial. Esta histórica condição, constituída a partir de uma política externa soberana, integracionista e multilateral, leva o mundo, sobretudo o latino-americano e caribenho, a perceber que um resultado adverso a esse projeto nas eleições presidenciais em outubro próximo, poderá fragilizar o rumo e o ritmo da transição geopolítica em curso.

Não à toa que o império estadunidense tem lado nessa batalha e opera com todos os seus meios para interromper essa construção popular. Eles não admitem que uma região, até então sob sua hegemonia, rebele-se pela esquerda e o Brasil tem um papel decisivo nesse inédito processo político.

Dessa forma, a vitória da presidenta Dilma Rousseff não é apenas uma necessidade nacional, nesta batalha, ela representa o polo que atua reforçando a tendência à multipolaridade enquanto seus oponentes conservadores, identificados com os interesses dos EUA, com os que tentam manter uma arquitetura política, financeira, militar e unilateralista esgotada.

A polarização eleitoral é uma condição objetiva

Acirra-se a polarização da campanha presidencial brasileira. O consórcio oposicionista, liderado pela grande mídia, de tudo faz para retomar o comando político do país. Eles não suportam que um projeto de origem popular continue governando.

Por esse objetivo focal tentam criar um ambiente de terra arrasada, de um falso terrorismo econômico, um inverídico descontrole da gestão federal e incitam até os valores mais conservadores ainda presentes em nossa sociedade.

São ingredientes que buscam conduzir o imaginário popular à descrença generalizada, desconstruindo a esperança, semeando desilusões e a falta de perspectivas. Uma toada que tenta criar um colegiado eleitoral anti-PT, propício a falsas teses mudancistas.

Essa elite, que tem em seu coração a preferência pelo tucano Aécio Neves, na iminência de mais uma derrota não hesitará em apelar aos mesmos meios que evitaram a vitória de Lula em 1989, nem que para isso, tenha que recorrer a uma nova aventura similar a de Fernando Collor.

Sem ilusõs, Marina Silva é também uma porta voz do fim!

A então candidatura do presidenciável Eduardo Campos tentava apresentar-se como uma terceira via, uma alternativa contra a polarização PT-PSDB. Uma ilusão, pois o nível da disputa política atingiu um patamar que não cabe meio termo. É uma circunstância histórica objetiva.
Após a lastimável tragédia que o vitimou, a sua coligação lançou a candidatura da ex-senadora Marina Silva. Desde então, o sistema midiático identificou a oportunidade de assegurar o segundo turno e explorou desavergonhadamente a comoção popular. Enquanto ocorria o velório do ex-governador pernambucano a mídia já realizava uma pesquisa eleitoral.

Agora em nova fase, a aliança PSB-Rede revela fortes contradições e a candidata assume de vez a agenda do sistema financeiro internacional. Buscando ocupar o até então espaço restrito à direta tucana, Marina Silva defende a independência constitucional do Banco Central e o aprofundamento do maléfico tripé macroeconômico: juros altos, câmbio valorizado e rígida meta inflacionária.

Os coordenadores do programa econômica do candidato Aécio Neves e de Marina Silva, respectivamente, Armínio Fraga e Eduardo Giannetti, declaram publicamente que não há diferenças entre os seus projetos e assumem a pauta do FMI.

É uma confissão contra a fachada mudancista que tenta transparecer a candidata do PSB-Rede. Na verdade, ela está como força auxiliar da direita brasileira, uma reserva que, a depender do desempenho do seu candidato Aécio Neves, a elite poderá acolhê-la em nome do vale tudo para interromper o ciclo democrático e popular de Lula-Dilma.

 Comparar projetos e enfrentar o debate de ideias

É diante dessa dimensão política que o país vive mais uma encruzilhada histórica. Dessa vez, ou o país parte do forte alicerce edificado por Lula-Dilma e ascende a uma nova fase do desenvolvimento brasileiro ou reencontra-se com o passado neoliberal tucano que ajoelhou o país diante do FMI e do Banco Mundial.

Agora com o palanque eletrônico instalado, a presidenta Dilma Rousseff está podendo romper o bloqueio midiático e apresentar os feitos históricos de sua gestão. Nessa fase, vão se criando as condições para que o povo veja com maior nitidez as diferenças entre os projetos em disputa.

A população está comprovando – ao contrário do plantado pela mídia golpista – que ela lidera um mandato com a singularidade de realizá-lo sob os efeitos de uma das maiores crises do capitalismo mundial. E, mesmo assim, conseguiu proteger o país, sobretudo a classe trabalhadora brasileira, e está sendo capaz de impedir que uma regressão social e a eliminação de direitos – uma agenda implementada na Europa, por exemplo – cheguem por aqui.

O período Lula-Dilma desmoralizou as teses neoliberais de FHC-Aécio contra o trabalho. A política de valorização do salário mínimo e uma das menores taxas de desemprego da história são resultantes de uma assertiva governamental. Um feito que recentemente chegou a ser copiado pela Alemanha.

Soma-se a essa rede de proteção social os grandes investimentos em infraestrutura e os destinos da renda proveniente do pré-sal. Desta riqueza, em função da nova legislação petrolífera, a educação e a saúde receberão mais de R$ 1 trilhão nos próximos 35 anos. A previsão é que já nos próximos dez anos atinja o valor de R$ 19,96 bilhões. Um volume de recursos e destinos impensáveis caso os tucanos, que governaram o país e a Petrobras, tivessem alcançado o seu objetivo de privatizar esse patrimônio nacional.

Em seu conjunto, são programas que darão novas condições para que o segundo mandato da presidenta Dilma, aprofunde as mudanças, a passos mais rápidos e com mais conquistas.

A arena está montada. Cabe ao povo, à classe trabalhadora, aos democratas do nosso país, juntamente com seus aliados, garantir a quarta vitória popular. Uma exigência para um futuro promissor à nação brasileira.

Mãos à obra.

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