Navios brasileiros

Esta semana, um estaleiro do Pernambuco lançou ao mar mais um baita navio petroleiro de fabricação nacional, em solenidade com a presença da presidente Dilma Rousseff. É mais um feito da indústria naval brasileira, que renasceu nos últimos anos, após ter sido completamente aniquilada na década de 1990.

Há alguns meses, outro estaleiro, no Rio Grande do Sul, pôs no mar quatro outros navios, que servirão para sustentar uma plataforma da Petrobrás no pré-sal. No momento, as indústrias navais canarinhas empregam cerca de 80 mil pessoas, com a previsão de abrirem pelo menos mais 30 mil novas vagas até 2.017.

O parque naval brasileiro, que soergueu das cinzas, tem hoje 28 estaleiros, a maior parte localizada nos estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina. Mas estão espraiados do Rio Grande do Sul ao Pará. E fazem parte de um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) específico do setor, criado pelo ex-presidente Lula.

O maior desses estaleiros pertence à empresa Atlântico Sul, de Ipojuca (PE), hoje considerado o maior e mais moderno estaleiro do Hemisfério Sul, nas classificações internacionais. Seu sócio majoritário é a construtora mineira Camargo Corrêa, hoje com a participação do grupo Samsung, sul-coreano.

Esse estaleiro tem encomendas de mais 29 navios de grande porte para os próximos três anos. Nove dessas embarcações são idênticas ao navio lançado esta semana, mas incluem dois superpetroleiros encomendados pela Noroil, que presta serviços à Petrobrás.

Para se ter uma ideia, o tamanho de um estaleiro é medido pela quantidade de aço que consome. Esse do Pernambuco consome 160 mil toneladas por ano, longe na frente do segundo colocado, que é o Rio Naval, do Rio de Janeiro, que consome 60 mil toneladas anuais de aço. Juntas, essas indústrias vão produzir mais de 50 navios e várias plataformas marítimas de petróleo nos próximos três anos.

A principal compradora desses navios e plataformas é a Petrobrás, que tradicionalmente já era cliente preferencial e agora ainda mais, com as encomendas feitas para os campos de Tupy e do pré-sal. Outro grande freguês dessa produção é a Vale (antiga estatal CVRD, privatizada no final dos anos 90), que aguarda a entrega de cinco navios de grande porte, para transporte de minérios.

O sistema operacional da Petrobrás permite várias modalidades de contratos, de acordo com a especialidade de cada indústria. Começa, é claro, pela compra de navios, que são operados pela própria estatal do petróleo. Mas, grupo paulista W.Torre, por exemplo, já tinha longa tradição na construção de estruturas industriais para arrendar e queria entrar no setor sem fugir do seu negócio.

Agora, o grupo é proprietário do estaleiro Rio Grande, localizado naquele estado sulista, que fabrica carcaças que fazem as plataformas de águas profundas flutuarem. E as arrenda para a Petrobrás, mantendo sua linha de atuação.

Esse crescimento estrondoso da indústria naval brasileira chama a atenção da mídia do mundo inteiro, que tem publicado muitos materiais, não apenas em veículos especializados. Estranhamente, porém, a grande mídia brasileira pouca atenção tem dado a esse tema.

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