RO não virou terra de ninguém, diz único deputado “limpo”

O deputado estadual Neri Firigolo (PT), único dos 24 parlamentares da Assembléia Legislativa de Rondônia que não aparece como suspeito nas irregularidades investigadas pela Operação Dominó da Polícia Federal, negou e criticou hoje as análises de que Ro

“Aqui tem muita gente que produz muita riqueza. É gente séria e muito trabalhadora. Infelizmente, essa situação caiu na mão de um quadro político que foi realmente uma vergonha para o nosso Estado”, avaliou Firigolo. “Eu acredito numa limpeza. Acredito em dias melhores para o nosso Estado”, acrescentou.


 



Parte das denúncias é que deputados possuíam uma lista de funcionários “fantasmas”, que cediam seus nomes para serem empregados na Assembléia. Com isso, os parlamentares tinham uma folha de pagamentos salariais paralela e desviavam dinheiro público do Estado. Estão envolvidos nas denúncias deputados de diversos partidos, de esquerda ou direita, inclusive um do próprio PT. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que o esquema serviu ainda para troca de favores entre o Legislativo, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas do Estado.


 



Firigolo disse que suspeitava do esquema, mas que não havia provas como as que foram descobertas. “É claro que a gente desconfiava. Só que, para a gente provar uma coisa que desconfia ou falar ou dar entrevista, a gente precisa de provas”, comentou. “Eu sempre desconfiava que havia algumas coisas bastante sérias, mas não esperava que fosse tão grande e com envolvimento de tantos Poderes, que deveriam estar vigilantes e em benefício do povo. De repente, vêm todas as notícias, através da Polícia Federal, de que é um esquema bastante amplo”, destacou.


 



Indagado se não foi feito convite para que ele participasse do esquema, Firigolo respondeu que isso não foi realizado porque era conhecido o seu posicionamento contrário a este tipo de esquema. Segundo ele, “só Jesus Cristo foi 100% honesto” e, mesmo assim, o crucificaram, mas o deputado ressaltou que sempre seguiu ideais que aprendeu com sua família.


 



“É claro que ninguém consegue ser honesto 100%, mas tento fazer o possível para preservar, primeiro o nome da minha família e do meu finado pai, que me ensinaram isso. Segundo, também porque tem um sentimento religioso. E eu acho que, no dia em que a gente passar dessa (vida) para outra, a gente vai ter que prestar conta e, lá, não tem agravo, não tem adiamento e não tem ninguém que possa defender a gente”, observou.


 



E continuou: “Terceiro, porque eu venho de uma família de lavradores, sobrevivendo com muitas dificuldades e eles criaram esta consciência em mim, de que o dinheiro público é mais sagrado do que se a gente tivesse pegado do bolso de alguém, ou seja, de uma pessoa particular.”


 



Questionado sobre as denúncias de que ele supostamente recebia salários de servidores de seu gabinete, o deputado disse que foram acusações inventadas e que já há processos em que ele pede indenizações por estas denúncias. Quanto à seqüência da crise no Estado, Firigolo afirmou que o assunto está nas mãos da Justiça e que a Polícia Federal está fazendo um “grande trabalho”, autorizado pelo presidente da República.


 


Fonte: Agência Estado