Cara de pau e nariz de tucano

Aécio Neves não vai ser eleito presidente do Brasil. Mas já ganhou o título de melhor ator do país. Tem emprego certo em Hollywood.

Sua última encenação foi interpretar que Minas Gerais tem a melhor educação do país. Para quem não conhece o artista, é muito provável que se convença disso tamanha eloquência e representação. Mas a realidade é bem distinta do mundo do faz-de-conta de Aécio.

A começar pelo ensino superior em Minas, quase a totalidade das universidades públicas são federais. É o Estado brasileiro que mais é contemplado com campi universitários federais. De Lula para cá, foram criadas as Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Isso sem falar das dezenas de novos campi universitários inaugurados pelo Estado e dos milhares de vagas novas com a criação de dezenas de campi de Institutos Federais. Em contrapartida, quantas novas universidades estaduais (ou pelo menos um novo campus) foram criadas em Minas nos governos tucanos de Aécio ou Anastasia? Respondo: Nenhum!

Mas no ensino fundamental (responsabilidade dos estados e municípios) Minas Gerais apresenta sua mais dramática realidade. Recentemente, quase cem mil servidores públicos mineiros (o equivalente a um Maracanã lotado) foram notificados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a deixarem seus postos de trabalho. Como se não bastasse o imenso déficit de professores na rede pública estadual de um Estado que foi contra o pagamento do Piso Nacional proposto pelo Governo Federal, a efetivação sem concurso público destes profissionais – realizada ainda no governo Aécio Neves – foi julgada inconstitucional por todos os ministros do STF acarretando no afastamento de mais trabalhadores da educação.

Soa no mínimo irônico um governo que, ao menos no discurso defende tanto a boa governança na administração pública, tenha sido capaz de efetivar milhares de servidores sem concurso público. A tal Lei Complementar 100, ou simplesmente Lei 100, tentou dar o famoso jeitinho tucano de governar.

Mas porque, mesmo diante de todas essas catástrofes, Aécio tem a ousadia de mentir tão na cara dura assim?

Aécio usa de dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que em todo o Brasil é calculado a partir da prova feita pelo aluno e a partir do índice de aprovação na escola.

Acontece que em Minas, como bem lembra a Coordenadora Geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, “o estado interfere no índice de aprovação da escola, proibindo o professor de reprovar o aluno. Isso interfere diretamente na nota do Ideb: quanto maior é a aprovação, maior é a nota. Segundo, o Ideb é uma média que exclui os problemas. Qualquer um que se embasa somente neste índice está desconsiderando o principal problema que atinge a juventude, que é a exclusão ao ensino. Falta um milhão de vagas em Minas Gerais para o ensino médio”, desmascarou Beatriz Cerqueira.

Ainda, segundo a dirigente, “só há vaga para 35% das crianças mineiras, falando de rede privada, conveniada, creche e Umeis. Nem 10% dos alunos que terminam o ensino médio têm nível recomendável em matemática”. Beatriz Cerqueira ressalta ainda que o Estado, desde 2003, não investe o mínimo constitucional que é de 25% do orçamento para a Educação, e em alguns anos foram absurdos 18%.

Infelizmente a grande mídia privada no país, que se auto-proclama como investigativa, não investe um minuto de seu tempo e sua atenção para pesquisar sobre esse estado de coisas. Pior, repercute esse discurso mentiroso de fazer inveja ao Pinóquio. Nariz por nariz, difícil saber qual é o maior. Já a cara de pau…

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