Unidade popular e democrática contra a direita

O governo ilegítimo de Temer assumiu de vez sua essência conservadora e de direita. Alinha ao conservadorismo que assola o mundo. Os sinais se multiplicam e revelam o crescimento da direita, desde países como a Alemanha e a França aos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump.

Este crescimento tem surgido como uma resposta canhestra à grave crise econômica do capitalismo, que é a maior desde 1929 e não dá sinais de arrefecer.

No Brasil, como em outros países da América do Sul, estes são tempos de predomínio da reação, dos conservadores e da direita, que tentam destruir os ganhos políticos, econômicos e sociais, voltando aos tempos de imposição dos interesses das oligarquias financeiras e do imperialismo.

Esta é uma disputa política em curso. Nela, apesar das graves derrotas impostas ao projeto democrático, popular e patriótico, a direita ainda não venceu.

Contra a ela, a resistência popular e a luta democrática, progressista e patriótica tem a chance de vencer e conseguir avançar. O governo ilegítimo (e também imoral, como visto no caso do acobertamento das falcatruas de Geddel Vieira Lima) é marcado por divisões e disputas internas e já começa a enfrentar oposição popular e graves acusações de irregularidades que a mídia golpista, transformada em verdadeiro Diário Oficial, faz enorme esforço para acobertar.

A chance da oposição popular, democrática e patriótica, neste quadro de desmazelo que o governo ilegítimo impõe ao Brasil, está fortemente ligada ao bom senso e sabedoria política de sua condução nesta quadra de predomínio conservador.

A palavra chave é unidade popular e democrática. A luta política impõe ao campo popular, democrático, progressista e patriótico a busca da unidade na luta. É fundamental encontrar e formular o programa mínimo, as palavras de ordem mais amplas, para juntar forças. Que sejam capazes de reunir mais gente em torno de uma repactuação política. É preciso ter a sensibilidade para formular, como objetivos políticos, as demandas que priorizem a produção e valorizem o emprego e a renda, em contraposição ao programa regressivo e antidemocrático, que só favorece aos muito ricos e condena a população à perda de direitos.

Precisa ir além dos objetivos econômicos e colocar em pauta, com clareza, as demandas políticas que favoreçam e apoiem o desenvolvimento do país nos vários aspectos – político e democrático, social, econômico. Indicar ao país e aos brasileiros o caminho para um novo projeto nacional de desenvolvimento baseado nas reformas políticas para consolidar e ampliar a democracia; na democratização da mídia e defesa da expressão de múltiplas opiniões e não apenas, como ocorre hoje, do pensamento único neoliberal; na adoção de um sistema tributário democrático onde quem tem mais pague mais; na reestruturação do sistema financeiro, transformando-o em suporte para o desenvolvimento do país, deixando de ser instrumento para a pilhagem dos recursos nacionais pela ganância rentista e especuladora.

A balela difundida pelos golpistas sobre a crise econômica se desfaz a olhos vistos. A crise econômica, política e social se aprofunda. Para o povo, principalmente para os moradores das periferias, sua face cruel se apresenta na forma das balas usadas pela polícia, que assassina sobretudo jovens e negros.

O povo vai compreendendo, dessa maneira difícil e dolorosa, a natureza da mudança imposta ao país pelo golpe da direita. A tarefa imposta hoje aos brasileiros é a de alargar as forças de resistência, envolver novos agentes sociais e políticos interessados na luta democrática, ampliar o diálogo e a mobilização popular.