A eleição municipal e o descalabro golpista de Temer

A eleição municipal deste ano ocorre num momento particular da história brasileira, a pouco mais de um mês após o golpe parlamentar de 31 de agosto contra a presidenta eleita Dilma Rousseff.

Esta circunstância transforma o pleito deste domingo num claro julgamento da ação antidemocrática dos conservadores e da direita.

A eleição expõe a íntima ligação entre disputas municipais, estaduais e federal. Contraria a crença de que a esfera do município seria diferente e particular. Não são e disso há muitos exemplos na história política. E ficou nítido – se necessário fosse! – no comportamento dos deputados federais na malfadada sessão da Câmara em 17 de abril, que decidiu pelo impeachment contra Dilma Rousseff, onde parlamentares conservadores multiplicaram saudações a suas famílias e municípios.

O principal beneficiário dessa ligação entre município e parlamento é a renitente tradição coronelística e conservadora, que se alça ao domínio nacional com os pés solidamente fincados na realidade local, como revela o grande número de parlamentares que foram prefeitos ou cujas famílias dominam os municípios.

A eleição deste ano tem algumas particularidades. É a primeira que se realiza sob a proibição do financiamento empresarial de campanha; há ainda as dificuldades financeiras enfrentadas pelos municípios. E também o desgaste dos partidos políticos, provocado pela Operação Lava Jato, lembra o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

A eleição ocorre no cenário desastroso de descalabro do governo dos golpistas. Cujo retrato é formado por uma combinação perversa de altíssimas taxas de juros e crescimento do desemprego e queda na arrecadação. A taxa de juros bate recordes e supera a marca de 321% ao ano, nunca antes registrada série histórica que o Banco Central iniciou em julho de 1994. No rotativo do cartão de crédito, é ainda maior e chegou a 475,2% em agosto.

O emprego formal está em queda acentuada e, só nos últimos três meses, 226 mil vagas com carteira assinada foram cortadas, diz o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Neste cenário de terra arrasada a inflação cresce (chegou a 11,5% ao ano, número muito maior do que o de abril, quando era de 10,6%).

E a arrecadação de impostos caiu 10,1% em relação a abril de 2015. É uma situação que, além do governo federal, agrava a situação dos estados e municípios.

Esta é a realidade política e econômica gerada pelo golpe e que fundamenta a forte rejeição popular ao presidente ilegítimo Michel Temer e seu partido, o PMDB.

Neste domingo ocorrerá o primeiro teste das urnas enfrentado pelos golpistas. E o eleitor precisa deixar clara sua decisão de condenar esta política perversa. Cabe ao povo manifestar, na urna, seu desacordo com estas políticas que jogam sobre os ombros do povo e dos trabalhadores o custo da crise econômica que foi provocada pelas “pautas bomba” e pela sabotagem promovida pela direita e pelos conservadores para justificar o afastamento de Dilma Rousseff.

A eleição deste ano poderá reforçar a condenação do golpe e dos desmandos a que submete o Brasil e os brasileiros.