Ilegítimo, o impeachment está desmoralizado de vez

A hipocrisia golpista foi novamente desmascarada nesta segunda-feira (9) depois da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, de suspender a sessão vergonhosa do dia 17 de abril, que aceitou a admissibilidade do impeachment da presidenta da República. Mesmo tendo voltado atrás um dia depois, nesta terça-feira (10), quando revogou aquela decisão, a máscara do golpe havia caído irremediavelmente.

A suprema hipocrisia foi mostrada por políticos da direita e pela mídia golpista: Waldir Maranhão não pode cassar os votos de 367 deputados a favor do impeachment, dizem os golpistas Mas eles podem cassar os votos dos 54.501.118 eleitores que votaram em Dilma Rousseff, em 2014! É uma diferença gigantesca, que revela mais um aspecto da ilegitimidade da votação de 17 de abril: o voto de cada deputado que apoiou o golpe cassou o sufrágio de 148.504 votos dados a Dilma Rousseff em 2014.

O impeachment, que já era absolutamente ilegítimo, ficou desmoralizado de vez, disse o jurista Pedro Serrano, em entrevista a este portal.

Ele tem razão. A ilegitimidade do golpe em andamento ficou patente nas ruas, onde tem ocorrido manifestações diárias de protesto contra o impeachment. É visível nas pesquisas de opinião, que condenam o processo contra a presidenta e rejeitam um eventual governo golpista de Michel Temer. Ilegitimidade confirmada pela manifestação de milhares juristas contrários ao golpe. Condenação que se espalha pela imprensa mundial, expondo nosso país ao ridículo causado por uma elite política conservadora e direitista que não aceita a democracia e quer um atalho para a presidência da República porque não consegue alcança-la pelo voto.

A luta pela legalidade e pela legitimidade, enxovalhada nas instâncias institucionais, volta para o povo, para as ruas, como constatou a Frente Brasil Popular, que convoca: “É nas ruas que vamos derrotar esse golpe!”

É hora de fazer valer o que diz o parágrafo único do artigo 1º da Constituição de 1988: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Toda resistência ao golpe e em defesa da legalidade e do mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff inspira-se nesse dispositivo constitucional que consagra a soberania popular. E o respeito a ela se impõe.

A profunda desmoralização do impeachment e daqueles que patrocinam o golpe contra a legalidade, agravou a crise criada pela direita que não aceitou o resultado da eleição de 2014. Neste cenário é preciso considerar a proposta de convocação de um plebiscito para deliberar sobre a antecipação da eleição presidencial. Lutar a um só tempo para evitar o golpe e, em caso de sua consumação, para que o povo seja consultado é a tarefa que se impõe aos democratas.

“Não ao golpe, fora Temer!”