Só a luta, e não a conciliação, salvará a democracia 

O acirramento da crise política, inclusive com a ameaça de retrocesso democrático, é a principal marca da conjuntura. O consórcio oposicionista, formado pela mídia hegemônica, partidos conservadores e mercado financeiro, há muito tomou a decisão de derrubar ou, em não alcançando este objetivo, paralisar politicamente o governo Dilma Rousseff.

Isto faz parte de um fenômeno mais amplo da conjuntura internacional. Com gradações e formas diferentes em cada país, estamos vivendo na América Latina uma ofensiva da direita que, aliada ao imperialismo, tenta promover a desestabilização de governos progressistas na Venezuela, Argentina e Equador.

No Brasil, a composição da articulação golpista não deixa dúvidas quanto ao seu caráter neoliberal, direitista e, em alguns casos, neofascista.

A pretensão destes setores, de afastar o governo eleito, caso seja vitoriosa, significará duro golpe na democracia brasileira, com repercussões diretas nos direitos sociais e na soberania nacional.

Em resposta, as forças do campo popular e democrático se mobilizam e começa finalmente a tomar corpo a frente ampla em defesa da democracia.

Em recente reunião da Comissão Política Nacional do PCdoB, a presidenta do Partido, Luciana Santos, declarou: “A oposição neoliberal se movimenta para agravar a crise política, tentando transformá-la em crise institucional. Esse fato exige das forças democráticas e progressistas firmeza e sagacidade tática (…) o Partido se empenha para concretizar a frente ampla, e um bloco político e social de esquerda para a defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma”.

Esta é, atualmente, a bandeira política mais importante: defender a legalidade democrática.

No entanto, parece que setores do governo ainda não se deram conta do que esta luta significa ou da sua dimensão.

Só isso explica o suposto convite ao diálogo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Se tal “aceno” não existiu mereceria claro desmentido e se existiu revela grave ingenuidade política. Diante de um inimigo que trava uma luta renhida a favor do golpe, tal gesto soaria inevitavelmente como confissão de fragilidade e seria usado, como de fato foi, para novos ataques. Nesta segunda-feira (27), o vice-presidente tucano, Alberto Goldman, volta a pregar abertamente o golpe.

Buscar a saída através de uma ilusória “conciliação” com os golpistas é, na verdade, capitular.

O momento exige, sem sombra de dúvida, habilidade e amplitude política, mas isto deve necessariamente estar ancorado em um firme enfrentamento, no parlamento e nas ruas, aos golpistas e à direita, única forma de garantir a preservação da democracia e salvaguardar os reais interesses do povo brasileiro.