A necessária renovação do voto de confiança em Dilma Rousseff 

Há momentos na vida de uma nação em que o caráter de um povo e de suas lideranças se revela por inteiro, requerendo deles, para além da firmeza, energia e espírito de luta, paciência e serenidade. A fala da presidenta Dilma Rousseff em rede nacional de rádio e TV na noite deste domingo (8), teve esse sentido. Conclamou o povo brasileiro à unidade, pedindo tempo, paciência e confiança.

O Brasil está vivendo um momento peculiar, uma etapa difícil em sua luta pelo desenvolvimento nacional e o progresso social, em meio a tormentas no cenário internacional, marcado por crises e ameaças de intervenções, conflitos e guerras.

Avançar na realização de mudanças, dar novos passos para as reformas estruturais democráticas é o caminho para a construção de uma nação democrática e progressista e a acumulação de forças para a emancipação nacional e social do povo brasileiro.

A peculiaridade do momento atual é o risco de retrocesso e perda das conquistas já alcançadas. As dificuldades geradas pela crise internacional criam um cenário em que, se o governo não tiver a lucidez de ajustar agora as distorções nas finanças públicas, com critérios nacionais e tendo como premissa a preservação dos direitos do povo, prevalecerá inevitavelmente o ajuste imposto pela oligarquia financeira internacional. Pode-se discordar das concepções fiscalistas do ministro da Fazenda e de tópicos das Medidas Provisórias enviadas por Dilma ao Congresso Nacional, mas o melhor no momento delicado que vivemos é dar lugar à prudência para evitar o pior.

Além da ameaça de uma tormenta financeira, com risco de repercussões negativas no desenvolvimento social, o Brasil está a braços com uma intentona golpista que consiste em manobras políticas para interromper o mandato da presidenta Dilma. Nos últimos dias, a ameaça se tornou mais aguda a partir da ação dos presidentes da Câmara e do Senado que, embora destacados membros do PMDB, principal aliado parlamentar do governo e partido do vice-presidente da República, atuam como se fossem integrantes da oposição conservadora e neoliberal.

A intentona golpista no Brasil faz parte da mesma contraofensiva imperialista e oligárquica que se observa na América Latina, principalmente na Argentina e na Venezuela.

Neste quadro, as forças progressistas e da esquerda consequente, mantendo suas bandeiras, seu programa de lutas, a ação em prol das mudanças e reformas estruturais democráticas e mantendo suas justas críticas a determinadas medidas propostas pelo governo, são as primeiras de quem se requer a responsabilidade de somar forças com a chefe de Estado e atender o apelo de dar um voto de confiança, baseado em que a mandatária fala com convicção e veracidade quando afirma que “o Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários – e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento”.

Trata-se de um voto de confiança que é a renovação do que foi expresso majoritariamente pelo povo brasileiro nas eleições presidenciais de outubro passado. Tal como naquela oportunidade, no pronunciamento deste 8 de março, Dilma reafirmou o caráter social do seu governo. “Queremos e sabemos como fazer isso, distribuindo os esforços de maneira justa e suportável para todos. Como sempre, protegendo de forma especial as classes trabalhadoras, as classes médias e os setores mais vulneráveis. Temos compromissos profundos com o futuro do país e vamos continuar cumprindo, de forma inabalável, estes compromissos”.

A premissa para avançar na organização do movimento democrático e popular é a defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff contra o golpismo da direita antidemocrática e antinacional.