Que 2015 esbanje poesia, luta e vitórias

A quarta vitória das forças progressistas na eleição presidencial – uma vitória de grande dimensão, tema minuciosamente analisado em editoriais, matérias e entrevistas publicados no Portal Vermelho – marcou o ano de 2014.

Porém, os historiadores do futuro, ao se debruçarem sobre o período pós-eleitoral de 2014, irão constatar que, derrotados em uma campanha onde usou todos os recursos, mesmo os mais baixos, o sistema conservador – que tem na mídia hegemônica seu grande instrumento – tenta solapar, ou no mínimo imobilizar, através de uma estratégia golpista, a presidenta legitimamente reeleita, que toma posse neste primeiro dia do novo ano.

Na verdade, o ano de 2014 termina como começou, marcado por uma acirrada luta política.
Instrumentalizando em seu favor as denúncias de corrupção que atingem a Petrobras e fazendo terrorismo com os efeitos da crise econômica global do capitalismo, que inevitavelmente repercutem no Brasil, o consórcio oposicionista busca vencer a luta de ideias e criar uma hegemonia que lhe permita lances mais ousados (alguns golpistas já falaram abertamente em impeachment).

Diante desta ofensiva reacionária que não dá tréguas, deve-se responder com a contraofensiva do campo popular e democrático, já em curso.

É necessária a clara compreensão sobre a importância de uma ampla aliança que defenda a democracia em primeiro lugar, e que também pugne sem tréguas pelas mudanças de sentido progressista, compromisso assumido pela presidenta Dilma durante a campanha.
Esta ampla aliança – que para se viabilizar como força política real necessita aglutinar setores do centro e da esquerda – não pode se perder em questões menores e precisa construir o consenso em torno do que é fundamental neste momento: derrotar a ofensiva golpista da direita.

As indicações de nomes para a nova equipe ministerial refletem a realidade de um governo de coalizão, num quadro de correlação de forças em que a tarefa essencial é isolar a direita e neutralizar sua ofensiva. Não compreender isto é não aquilatar corretamente a extensão da manobra golpista em curso.

Assegurar em 2015 a retomada do desenvolvimento com distribuição de renda e justiça social é ponto nevrálgico da pauta política dos setores progressistas, o que exigirá um diálogo e uma aproximação de nova qualidade entre a presidenta e os movimentos sociais.

Em 2015, duas bandeiras destacam-se como prioritárias: a reforma da mídia, para combater o monopólio antidemocrático que controla a comunicação em nosso país, e a reforma política de sentido progressista, com a proibição de doações empresariais para as campanhas eleitorais, a ampliação da democracia e a garantia do pluripartidarismo, afastando cláusulas de barreira, assegurando o voto proporcional e a liberdade para concertar coligações.

A consecução destas bandeiras envolve o combate político a forças gigantescas ligadas ao capital financeiro e ao conservadorismo. Para isso, o campo democrático-popular e progressista deve ser capaz de protagonizar grandes mobilizações de massas, sem as quais não existe chance de que tais bandeiras se concretizem.

O final de 2014, para nossa alegria, termina também com a derrota do aparentemente inamovível bloqueio a Cuba socialista e a libertação dos três patriotas cubanos presos nos Estados Unidos, o que mostra que a luta é e será sempre o caminho para a vitória.

O Portal Vermelho deseja que, no campo pessoal, 2015 seja para os nossos leitores repleto de saúde e felicidade. No que tange ao labor coletivo, que é uma dimensão importante dos nossos sonhos e dos nossos afetos, desejamos que 2015 seja um ano de intenso diálogo da esquerda com o povo. A elevação da consciência política das massas em torno do que é realmente importante para o aprofundamento da democracia e da justiça social é tarefa de primeira ordem.

Parafraseando Chico Buarque na canção Apesar de você, 2015 pode ser o ano em que – com luta e unidade e apesar do capital financeiro, da mídia hegemônica e do imperialismo – veremos, com o início da concretização da reforma da mídia e da reforma política, “a manhã renascer e esbanjar poesia”.