Comunicadores com Dilma, por mudanças e democratização da mídia

Reveste-se de importância política o manifesto que comunicadores de todo o país – jornalistas, editores, blogueiros e ativistas sociais da luta pela democratização dos meios de comunicação – lançaram em apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Uma posição política nítida, resultante da compreensão de que grandes causas estão em jogo na eleição presidencial de 5 de outubro.

O manifesto é assumido por um coletivo de pessoas que, individualmente ou como integrantes de movimentos e veículos de comunicação, lutam pelo aprofundamento das mudanças iniciadas no governo Lula e que tiveram continuidade ao longo do primeiro mandato da presidenta Dilma.

Efetivamente, os profissionais e ativistas políticos e sociais, cuja atividade é diretamente ligada com a luta de ideias, não podiam ser indiferentes ao fato de que as políticas sociais de Lula e Dilma tiraram da miséria 36 milhões de pessoas e foram responsáveis por excluir o Brasil do chamado mapa mundial da fome. Esses profissionais e ativistas perceberam o sentido estratégico que tem a assistência de saúde, por meio do programa Mais Médicos, a 50 milhões de brasileiros antes condenados a morrer de doenças banais por falta de atendimento primário, ou a verdadeira transformação no panorama da habitação, com a entrega de 6,8 milhões de residências no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida.

Estas e outras conquistas sociais, como as alcançadas na educação, e os grandes avanços na inserção do país no mundo, proporcionados por uma política externa ativa e altiva, a um só tempo independente, soberana, integradora, solidária, universalista e multilateralista, não escaparam à visão aguda que os comunicadores expressaram ao declarar o apoio à reeleição da presidenta Dilma.

O engajamento dos comunicadores na campanha da coligação Com a Força do Povo é uma proclamação de luta por reformas estruturais democráticas no país, por audaciosas mudanças, pela superação das contradições e por maiores avanços na realização do projeto democrático-popular iniciado há 12 anos, o que pressupõe o enfrentamento político e ideológico do neoliberalismo e conservadorismo próprios das classes dominantes retrógradas e da influência do sistema imperialista no país, o combate às candidaturas e forças políticas que sinalizam no sentido do retrocesso, da elitização ainda maior do poder político, da subordinação do país à oligarquia financeira.

Os ativistas políticos e sociais do setor da Comunicação comparecem, assim, na batalha política e eleitoral para defender causas elevadas – as reformas estruturais democráticas, a continuidade das políticas sociais, a defesa da soberania nacional – e constituir-se como um elemento de contenção a mais para impedir que as forças neoliberais entrincheiradas nas candidaturas de Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) imponham seus programas de arrocho, de cortes de direitos sociais e subordinação da economia do país aos interesses dos monopólios financeiros internacionais.

Tal pronunciamento é uma sinalização de que há um fértil terreno para que frutifique o esforço de formação de convicções e arregimentação de forças num setor profissional e social em que avança de maneira avassaladora a ideologia reacionária. E sobre esta base articular uma intervenção política, social e sindical que se incorpore ao conjunto do movimento social transformador no país.

A imposição do pensamento único, o exercício do monopólio dos meios de comunicação por grandes corporações nacionais e internacionais não seriam possíveis se não dispusessem também de uma base social e um expressivo contingente de quadros, que de maneira profissional e militante, ao invés de informar e opinar com critérios objetivos, dedicam-se à difusão de visões distorcidas da realidade e rematadas mentiras. Não há como negar que na elaboração do seu produto final, a usina de mentiras em que a mídia se tornou conta com expressivo contingente de profissionais comunicadores que são convictos defensores não somente da ideologia neoliberal dominante, mas militantes de causas antagônicas aos interesses dos trabalhadores e dos povos.

Ao apoiar a reeleição da presidenta Dilma, os comunicadores demonstram consciência de que este é o passo político necessário para avançar nas políticas de comunicação, com a conquista de um novo marco regulatório no setor, assegurando a democratização da mídia e a verdadeira liberdade de expressão como direito democrático e social.

A Constituição de 1988 estabelece princípios e diretrizes nessa direção, mas até hoje não foi regulamentada. A vitória eleitoral da presidenta Dilma mantém um ambiente político favorável para avançar nessa luta, concretamente para fazer vingar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações e pela democratização do setor.