Na reta final

Na reta final do primeiro turno das eleições (que pode ser turno único em inúmeras eleições e o é para senadores e deputados federais e estaduais) o movimento sindical afirma com orgulho que apesar das disputas partidárias não se dividiu e manteve-se unido em torno da pauta trabalhista.

Este é um grande feito até mesmo porque a insistência na pauta provocou em cada um dos candidatos ou a necessidade de afirmação, ou de negação e até mesmo, às vezes, desconforto, mesmo em relação aos dirigentes que o apoiavam.

Além da unidade e baseado nela, o movimento manteve sua capacidade de mobilização nas campanhas salariais que, do lado dos trabalhadores, seguiram seu curso em busca de aumentos reais sem a partidarização (melhor dizendo, a ideologização) que assistimos no lado patronal.
É óbvio que em todo o processo (sindical, político e partidário) estão previstos deslocamentos de posições relativas com os resultados das urnas.

Esses deslocamentos não refletem o abandono da pauta, mas podem produzir dificuldades no relacionamento de dirigentes com os poderes institucionais; preocupa-me o alcance das alianças do movimento sindical com as representações políticas que serão vitoriosas, principalmente na esfera legislativa e na escolha do futuro ministro do Trabalho e Emprego.

Devemos levar em conta também, na própria medida do êxito do movimento, um certo enrijecimento das posturas patronais mortificadas pela ideologia, estranha aos seus interesses estratégicos, que condena os ganhos dos trabalhadores como intrinsecamente maus.

Deve-se acrescentar a tudo isso o peso das coligações, apoios e acordos de cúpula que caracterizam as candidaturas aos poderes executivos; embora tenha passado o seu recado em defesa da pauta trabalhista, o movimento sindical não tem uma posição proeminente que, por si só, garanta o atendimento de nossas reivindicações.

Vamos às urnas e nos preocupemos em votar bem com atenção especial para os candidatos nas eleições proporcionais.

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