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PA: 3 mil metros cúbicos de madeira queimados em protesto

3 mil metros cúbicos de madeira foram queimados em protesto contra extração ilegal em Santarém (PA) na terça-feira (10/11). Os comunitários solicitam a desativação imediata dos planos de manejo na área, além da regularização de terras que eles denominam indígenas.

As chamas podiam ser vistas a distância. Do alto era possível ter uma idéia do estrago, 3 mil metros cúbicos de madeira destruídos pelo fogo. Esse foi o resultado do protesto que durava 30 dias na região.

A madeira, segundo os ribeirinhos, era extraída de forma ilegal da Gleba Nova Olinda. Porém, de acordo com Assis Barbosa, gerente de fiscalização florestal da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o produto foi retirado de dois planos de manejo legais. “A madeira nova que eles alegam que não deveria está sendo retirada, foi extraída de planos de manejo recentes e a madeira mais velha foi retirada de planos de manejo antigos.” Disse. 

Na semana anterior, o clima na localidade de São Pedro era tenso e o possível embate entre madeireiros e ribeirinhos iminente. Desde o último dia 12 de outubro os ribeirinhos estavam acampados na praia do Pedrão que fica localizada na comunidade de São Pedro, na região do Rio Arapiuns, ainda no município de Santarém. Quatro balsas foram apreendidas por eles, duas vazias foram liberadas.

Na ocasião o procurador da república, Claudio Henrique Machado, afirmou que a Secretaria de Meio Ambiente assim, como a Fundação Nacional do Índio tinham sua parcela de responsabilidade no conflito, uma vez que ambas se mostravam omissas.

Procurada, a Secretaria de Meio Ambiente sustentou que o carregamento era legal e que a madeira estava com a documentação correta.

Liminar atrasada

Uma liminar expedida pelo juiz Cosme Ferreira Neto na última terça-feira (10), decidia que os manifestantes da comunidade de São Pedro do Rio Arapiuns liberassem as balsas retidas com madeira. Porém a liminar chegou com atraso. No mesmo dia em que foi concedida, os manifestantes que estavam retendo as balsas carregadas já ateavam fogo no material, causando um prejuízo de mais de três milhões de reais.

A liminar foi resultado de uma ação movida pela Transportadora de Madeira Rondobel Indústria e Comércio de Madeira Ltda. contra os diretores do Sindicato Rural de Santarém. De acordo com o advogado da Rondobel, Daniel Braun, foi requerida uma força policial para cumprir a medida.

Acordo descumprido

“Foi assinado aqui em Santarém um acordo que previa a suspensão de todos os planos de manejo, a destinação de uma área para as comunidades indígenas, além da criação do projeto agro-extrativista Mariazinha. Na prática isso não aconteceu. O governo não veio negociar nada e isso acabou acontecendo.” Declarou Manoel Edivaldo, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém.

Com uma área de aproximadamente 170 mil hectares, a Gleba Nova Olinda é parte de um conjunto de glebas estaduais sob responsabilidade do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), órgão fundiário do estado. O protesto visava chamar a atenção do governo.

Da redação, com Jornal Folha do Progresso e Notapajos.com