Maduro rechaça ultimato da União Europeia

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou neste domingo (3) seu rechaço ao ultimato apresentado pela União Europeia (UE) no último fim de semana, que exigiu ao governo da Venezuela convocar eleições em um prazo de oito dias.

Nicolás Maduro - Foto: Jordie Vole

“Não aceitamos ultimato de ninguém. É como se eu dissesse à UE: dou-lhe sete dias para reconhecer a República da Catalunha, ou senão vamos tomar medidas. A política internacional não pode basear-se no ultimato. Isso é da época dos impérios, das colônias”, afirmou o chefe de Estado durante uma entrevista ao programa espanhol “Salvados“, transmitido pela Antena 3.

Maduro denunciou que o ultimato da UE segue a linha ingerencista promovida pelos Estados Unidos, que tem como objetivo promover um golpe de Estado na Venezuela.

“Os Estados Unidos sabiam que não podiam me ganhar nas eleições. Não ganhavam as eleições presidenciais e desde janeiro de 2018 seus porta-vozes declararam que não iam reconhecer nenhum processo eleitoral na Venezuela e foram posicionando a estratégia que hoje levam adiante. Muitos dos líderes europeus que terminam assumindo de maneira obediente a estratégia dos EUA prejudicam a si mesmo e prejudicam a Venezuela”, enfatizou.

O presidente venezuelano taxou de “farsante” o chefe de governo da Espanha, Pedro Sánchez, que assumiu o cargo após a destituição de Mariano Rajoy através de uma moção de censura.

“Pedro Sánchez é um farsante. Ele é que não foi eleito por ninguém. Eu fui eleito e reeleito por votos populares. Ganhamos 23 eleições em 20 anos, de 25. Pedro Sánchez deveria convocar eleições para que o povo espanhol eleja quem é seu presidente. É um presidente não eleito. É o que penso de maneira automática e creio que todo o povo espanhol pensa assim”, destacou.

Apesar das pressões de alguns países europeus para alinhar-se com a estratégia dos EUA, no dia 31 o organismo econômico europeu criou um Grupo Internacional de Contato diante da falta de consenso para encontrar uma posição sobre a situação na Venezuela, onde o deputado em desacato, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente com o apoio dos Estados Unidos.

Maduro também explicou que o ingerencismo da administração de Donald Trump representa uma política do século XX quando eram impostos golpes de Estado de caráter militar, como ocorreu no Vietnã, Camboja ou Iraque, ou durante a chamada Primavera Árabe, que contou com o apoio dos EUA e que acabou destruindo países como a Líbia.

“Pare, Donald Trump! Você está cometendo erros que vão manchar suas mãos de sangue, pare! Eles afinal querem voltar a um século XX de golpes de Estado militares, de governos fantoches subordinados a seus mandos e de saques de nossos recursos naturais. E isso é inviável: o século XXI está avançado. América Latina e o Caribe não podem voltar a ser o quintal dos Estados Unidos”, enfatizou.

Apesar das agressões, o chefe de Estado reiterou seu compromisso de diálogo com o governo dos EUA, com o objetivo de buscar uma solução pacífica no país.

“Nós acreditamos na diplomacia, no diálogo, no entendimento. Fiz mil propostas privadas e públicas, ao governo dos Estados Unidos para relações de respeito, mas a supremacia branca que governa a Casa Branca, despreza absolutamente nossos governos e povos, despreza qualquer possibilidade de respeito, de diálogo. Sigo insistindo na necessidade, mais cedo do que tarde, de um diálogo respeitoso entre nós e a administração estadunidense”, disse.

“A porta está aberta ao diálogo, ao entendimento, ao respeito à independência da Venezuela. A porta está aberta a mil fórmulas para esse entendimento”, acrescentou durante a entrevista.

Maduro afirmou que os povos em todo mundo, sobretudo nos EUA, estão manifestando sua solidariedade com o governo da Venezuela e exigem que Trump detenha uma possível intervenção militar contra a nação.

“Tenha certeza de que a onda de consciência e solidariedade que está surgindo nos Estados Unidos, não vai permitir que esse governo supremacista ataque a Venezuela”, disse.