O que esperar da agenda internacional de Bolsonaro?

Durante a campanha, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou algumas poucas medidas para a política externa brasileira. Tirar o Brasil do Acordo de Paris, deixar de reconhecer a Palestina como um Estado soberano e perseguir o Foro de São Paulo: o que mais esperar do governo Bolsonaro?

Por Ana Prestes

Bolsonaro com a bandeira de Israel - Alexssandro Loyola

Melhores amigos:

Marco Rubio – senador do partido Republicano dos EUA pelo Estado da Flórida, conhecido por suas posições anti-Cuba e anti-Venezuela, também por ser lobista pró-Israel e pró-indústria armamentista no Congresso norte-americano.

Matteo Salvini – líder da extrema direita italiana, hoje vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, famoso por suas posições anti-imigrantes e refugiados, autor de declarações impublicáveis, como aquela em que chamou de “carne humana” africanos resgatados após serem deixados a deriva em embarcações nos portos italianos.

Mario Abdo Benítez – presidente paraguaio. O pai de “Marito”, como é conhecido o presidente, foi secretário do ditador Alfredo Stroessner e a fortuna da família foi formada durante os 35 anos de ditadura. Conservador, é autor de declarações como a em que fala que os filhos de mães solteiras devem se alistar no exercito, pois 80% dos jovens delinquentes provém de famílias “desregradas”.

Jacqueline van Rysselberghe – senadora chilena, pelo partido de extrema-direita União Democrática Independente, formado por Jaime Guzmán durante os anos de governo Pinochet. A senadora é famosa por suas posições homofóbicas e anti-feministas, autora de frase como: “a ideologia de gênero é contrária à natureza humana”.

Sebastian Piñera – presidente chileno, eleito em 2017. Em recente evento na Espanha, Piñera elogiou o programa econômico do candidato do PSL, dizendo que promover a abertura, reduzir déficit fiscal e o tamanho do setor público “são coisas que um país como o Brasil, que é um gigante, precisa”.

Mauricio Macri – presidente argentino, eleito em 2015, e que levou o país a uma das maiores crises econômicas dos últimos anos, tendo inclusive que recorrer a um acordo como FMI. Primeiro presidente a reconhecer como "legítimo" o governo Temer.

Steve Bannon – principal estrategista da campanha de Trump em 2016.

Yossi Shelley – Embaixador de Israel no Brasil.

Ações previstas:

*Ir a Israel como a primeira visita ao exterior
*Tirar o Brasil do Acordo de Paris (Meio Ambiente)
*Realizar liberação tarifária unilateral para aquisição de importados e quebrar ainda mais as indústrias brasileiras
*Unificar ministérios de Meio Ambiente e Agricultura
*Unificar ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior
*Liberalização do setor de energia
*Fechar fronteiras e declarar conflito com a Venezuela
*Abandonar o Mercosul
*Tirar o Brasil da Unasul
*Tirar a Embaixada da Palestina no Brasil
*Deixar de reconhecer a Palestina como um país
*Mudar a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém (Israel)
*Perseguir o Foro de São Paulo
*Organizar a Cúpula Conservadora das Américas, com reunião marcada para 8 de dezembro em Foz do Iguaçu
*Rompimento de relações com o Irã
*Retrocesso na tradição multilateralista das relações internacionais brasileiras
*Retrocesso na possibilidade de o Brasil adquirir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU
*Estreitamento da relação com Taiwan (reconhecendo como país) e esfriamento da relação com a China
*Retrocesso nas políticas internacionais de Direitos Humanos nas quais o Brasil é referência
*Afastamento dos países do continente africano e da solidariedade brasileira estendida às suas nações mais necessitadas
*Fim da política de cooperação sul-sul
*Retrocesso na política de cooperação no âmbito dos BRICS
*Retrocesso na política de construção da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos)
*Nomear diplomatas e políticos conservadores para cargos chave nas relações exteriores, como Ernesto Fraga Araújo, Luís Fernando Serra, Ana Amélia (PP-RS)
*Diminuir e dificultar política de assistência a migrantes e refugiados
*Criação de "campos de refugiados" para migrantes
*Endurecimento da relação com Cuba e Bolívia