Governo da Nicarágua considera “intervenção” visita da OEA ao país

O governo de Daniel Ortega anunciou nesta quarta-feira (15) que a OEA não será recebida na Nicarágua. Em comunicado oficial, a organização é considerada “intervencionista” e acusada de estar “a serviço dos Estados Unidos” para tentar desestabilizar o cenário político local.

Daniel Ortega - Efe

No documento oficial, o presidente não hesita em afirmar que a comissão da OEA enviada a seu país estaria “dirigida pelos Estados Unidos”. “O governo de Reconciliação e Unidade Nacional da Nicarágua declara que os integrantes dessa Comissão, formada e dirigida pelo Governo dos Estados Unidos, no afã de continuar intervindo nos Assuntos Internos da Nicarágua, a partir da OEA, não são bem-vindos ao nosso país; portanto, eles não serão recebidos em nosso Solo Pátrio”, diz a nota.

A negativa de Ortega em receber a OEA é embasada no histórico recente da organização que atuou de forma duvidosa com relação ao processo de desestabilização do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. O secretário-geral, Luís Almagro, fez uma série de declarações intervencionistas, que em nada contribuíram para os esforços de diálogo e reconciliação com a oposição do presidente venezuelano.

Diante deste quadro, o governo de Ortega declarou “inaceitável” a presença da OEA em solo nicaraguense. Apoiado nas Políticas de Segurança Soberana e Dignidade Nacional, o presidente pede respeito às decisões do país em seus assuntos internos.

A visita da OEA se dá num momento de profunda crise nacional que começou em abril deste ano quando uma série de manifestações violentas tomaram as ruas de Manágua, e outras grandes cidades para pedir a destituição do presidente.

Desde então, o governo vem empenhando esforços em dialogar com a oposição a fim de evitar os casos de violência e chegar a um acordo nacional que devolva ao país a paz e a estabilidade política.

As manifestações já deixaram quase 200 mortos, além de centenas de feridos.