Irã: os 40 anos da Revolução Islâmica

A Revolução Iraniana de 1979 foi o auge de uma luta de poder entre clérigos xiitas liderados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, e o xá Mohammad Reza Pahlavi, apoiado pelo imperialismo dos EUA. Reza Pahlavi era a continuidade da dinastia inaugurada em 1925 por seu pai, Reza Xá.

Iran Khomeini

Em agosto de 1941, durante a Segunda Grande Guerra, tropas soviéticas e britânicas ocuparam o Irã, e, em setembro, Reza Xá foi obrigado a abdicar e exilar-se na África do Sul, onde morreu em 1944. Seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, assumiu desde então o trono, com apoio dos Aliados, que só encerraram a ocupação após o fim da Segunda Grande Guerra.

Desde o começo, o novo xá iniciou um processo de consolidação do poder, que encontrou resistência real em 1951, com a eleição para primeiro-ministro do político nacionalista Mohammed Mossadegh que, em maio de 1951, anunciou a estatização do petróleo e, nos anos seguintes, iniciou uma reforma agrária que atingia até mesmo as terras do xá.

O resultado foi uma tentativa de golpe, em 1953, pelo xá, para derrubar Mossadegh.

A tentativa fracassou, e o xá foi obrigado a deixar o Irã. Temendo uma aproximação entre a Mossadegh e a União Soviética, a CIA comandou um golpe de Estado no Irã. Apoiou uma greve comandada pelo Exército, que levou à renúncia de Mossadegh e ao retorno do xá.

Como primeiro-ministro foi nomeado Fazlollah Zahedi, que foi o general que havia liderado a tentativa de derrubar Mossadegh; ele retomou as relações com a indústria petrolífera internacional.

Pressionado pelos EUA, que o apoiavam, o xá iniciou, em 1962, reformas no Irã. Elas previam sobretudo uma reforma agrária, o fortalecimento dos direitos das mulheres e uma campanha de alfabetização. Esse programa de reformas seria mais tarde conhecido como Revolução Branca.

Em 1963, um dos principais opositores do xá se tornou conhecido da população iraniana: Ruhollah Khomeini, que se opôs com veemência a um referendo convocado para aprovar as mudanças, que considerava contrárias ao islã. Ele as via como influência do modo de vida dos EUA e abandono da identidade nacional daquela civilização milenar (os primeiros registros de vida organizada no Irã datam de mais de 2.500 a.C.)

Em junho de 1963, depois de um discurso no qual atacou o xá e as reformas, Khomeini foi preso, e isso gerou protestos e revoltas nas ruas. Para muitos especialistas, os protestos de junho de 1963 marcam o início da Revolução Islâmica de 1979.

Depois de oito meses em prisão domiciliar, Khomeini foi libertado e retomou a agitação contra o xá. Ele foi novamente preso e, em 1964, enviado ao exílio na Turquia. De lá, partiu para a cidade de Najaf, no Iraque, considerada sagrada pelos xiitas.

Em outubro de 1978, por pressão do xá, Khomeini foi obrigado a deixar o Iraque. Ele partiu então para a pequena cidade de Neauphle-le-Chatêau, nos arredores de Paris, de onde prosseguiu a luta contra o regime do xá.

A Revolução Islâmica tem uma data precisa de início: em 7 de janeiro de 1978, um jornal iraniano publicou um texto sem assinatura atacando duramente Khomeini. Houve protestos nas ruas no Irã, reprimidos com violência pela polícia.

Os manifestantes eram sobretudo moradores do campo que haviam migrado para as grandes cidades em busca de emprego, sem sucesso. Frustrados, eles se voltavam para os círculos religiosos representados por Khomeini.

Pressionado por manifestações e greves, embora duramente reprimidas, com milhares de mortes, o xá foi obrigado a ceder durante aquele ano, até deixar o país, em 16 de janeiro de 1979. Em 1º de fevereiro, Khomeini voltou a Teerã, sendo recebido e saudado por milhões de pessoas. Poucos dias depois, em 11 de fevereiro, a monarquia foi extinta e, em 1º de abril, depois de um referendo, foi proclamada a República Islâmica do Irã, uma teocracia que dá grandes poderes ao seu líder supremo. O cargo foi inicialmente ocupado por Khomeini e, desde sua morte, em 1989, por Ali Khamenei.