De Olho no Mundo, por Ana Prestes

Um resumo diário das principais notícias internacionais 

Ernesto Araújo e Almagro

Ao se reunir ontem (6) em Washington com o ministro das relações exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, o ministro Ernesto Araújo disse que a mudança da sede da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém é algo que está em “estudo”.

 
Araújo também se reuniu em Washington com o secretário-geral da OEA, Luís Almagro, para conspirar contra a Venezuela. O tema da conversa foi a logística para entregar “ajuda humanitária” para venezuelanos. Araújo já havia conversado como Mike Pompeo e John Bolton nos dias anteriores sobre o tema.
 
Juan Guaidó continua reinando do seu posto na Assembleia Nacional venezuelana. Ontem (6) após sessão da casa tuitou que seus únicos objetivos são: cessar a “usurpação”, fazer um governo de transição e promover eleições no país. Seu anúncio veio na véspera de um encontro que acontece hoje em Montevideo de um Grupo de Contato formado por países latino-americanos e europeus e que pretende mediar um diálogo entre o governo Maduro e o movimento liderado por Guaidó, como preposto dos EUA.
 
Ocorre hoje (07) em Montevideo um encontro convocado pelos governos do Uruguai e do México para buscar uma mediação para a situação da Venezuela. Não participarão representantes do governo Maduro ou da oposição venezuelana. Estarão pela América Latina o Uruguai, México, Bolívia, Costa Rica e Equador. Pela Europa participarão França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido.
 
Enquanto isso, na fronteira da Venezuela com a Colômbia cresce a tensão com bloqueio de pontes e passagens que os EUA pretendem usar para fazer chegar a propalada “ajuda humanitária” aos venezuelanos. A medida de fazer chegar remédios e alimentos pelas fronteiras da Venezuela é uma tentativa dos EUA e Guaidó de medir a lealdade dos militares venezuelanos a Maduro. Querem criar um clima de comoção mundial de que Maduro “não permite que venezuelanos tenham acesso ao apoio de seus ‘libertadores’”.
 
Ainda sobre o tema ajuda humanitária, ontem Mike Pompeo tuitou: “O povo venezuelano precisa desesperadamente de ajuda humanitária. Os Estados Unidos e outros países estão tentando ajudar, mas o Exército da Venezuela, sob as ordens de Maduro, está bloqueando a ajuda com caminhões e navios-tanque. O regime de Maduro deve DEIXAR QUE A AJUDA CHEGUE AO POVO FAMINTO.” (as letras maiúsculas foram reproduzidas da mensagem original de Pompeo).
 
No caso da Venezuela, o foco principal dos americanos agora está concentrado sobre os militares. Todas armas para dissuadi-los do apoio a Maduro estão na mesa. Ontem (6) Bolton se pronunciou via twitter: “os EUA vão considerar uma saída para as sanções de qualquer graduado militar venezuelano que apoiar a democracia e reconhecer o governo constitucional do presidente Juan Guaidó. Caso contrário, o círculo financeiro internacional será fechado completamente”.
 
A próxima reunião de cúpula entre os governos dos EUA e da RPDC (Coréia do Norte) deve ocorrer no Vietnã entre os dias 27 e 28 de fevereiro. O último líder norte-coreano a visitar o Vietnã foi Kim Il-sung em 1958. A escolha do Vietnã não deixa de ser uma provocação dos EUA à China, pelas disputas que ocorrem há alguns anos no mar do sul da China.
 
Às vésperas de novas reuniões de Theresa May com líderes da União Europeia sobre o Brexit, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, soltou um comentário que gerou revolta entre líderes políticos pró-brexit no Reino Unido: “eu fico imaginando como será o lugar especial reservado no inferno para aqueles que promoveram o Brexit, sem ao menos terem rascunhado um plano de como conduzi-lo de forma segura”.
 
A questão da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte segue sendo o principal impasse nas negociações entre o RU e UE sobre o Brexit.
 
ERRATA: ontem, aqui nas notas, comentei que Theresa May propôs uma candidatura conjunta entre o Reino Unido e a Irlanda do Norte para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2030, na verdade se tratava da Irlanda.
 
Dados sobre a queda da produção industrial na Argentina ocuparam vários meios da imprensa econômica esta semana. A queda foi de 14,7% em dezembro de 2018, comparada com o mesmo período de 2017. Outro setor, o da construção civil, que não é contabilizado dentro da indústria, teve queda de 20,5% em dezembro/2018 na comparação com o mesmo mês de 2017.
 
Relatório da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) estima que disputa comercial entre EUA e China pode provocar desvio de comércio em favor de outros países exportadores. União Europeia deve ser a maior beneficiada com até 70 bilhões de dólares em transações comerciais. Em seguida vem Japão, México e Canadá. Brasil também pode se beneficiar no comércio da soja.
 
Na Colômbia foi assassinado mais um líder social, Erick Esnoraldo Viera Paz. Já são 17 só em 2019. Segundo o professor Fabio López, do Instituto de Estudos Políticos e Relações Internacionais da Universidade Nacional da Colômbia, as vítimas correspondem a um padrão específico, pois são em sua maioria pessoas que participam de programas sociais como “substituição de cultivos ilícitos, restituição de terras e gestores de paz em muitas regiões”.
 
Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abás, declarou que a Palestina tem a intenção de celebrar eleições em todo o país, incluindo a Cisjordânia, Jerusalém e Gaza. Em janeiro deste ano, o primeiro ministro palestino Rami Hamdallah apresentou seu pedido de demissão, mas disse que seguirá em suas funções até a formação de um novo governo. A Palestina não tem eleições desde 2006. Há hoje uma divisão política na Palestina entre o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e o Fatah do presidente Abbas.
 
O Canadá vai receber cerca de 750 pessoas que foram escravizadas na Líbia. Desde a queda de Gaddafi em 2011, a Líbia se transformou em um drama humanitário de grandes proporções.
 
Um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e do PMA (Programa Mundial de Alimentos), dirigido aos membros do Conselho de Segurança da ONU, informou ontem (6) que a fome crônica atinge 56 milhões de pessoas em oito países do mundo. Os casos mais graves são o Iêmen, o Sudão do Sul, o Afeganistão, o Congo e a República Centro-Africana. Aparecem no relato também dados sobre a Somália, a Síria e a bacia do Lago Chade (nordeste da Nigéria).
 
Dos países listados pela FAO como os mais dramáticos em termos de fome crônica salta aos olhos a situação da República Democrática do Congo, em que a fome cresceu 11% em um ano. Hoje, cerca de 13 milhões de pessoas precisam de ajuda urgente no Congo, número superado somente pelo Iêmen, destruído por uma guerra que dura mais de três anos, promovida pela Arábia Saudita com apoio dos EUA.
 
Intensas chuvas nos últimos dias na Bolívia deixaram 18 pessoas mortas e mais de 4 mil famílias desabrigadas.

De Brasília, Ana Prestes