Lula: “Não deixaram que eu me despedisse do Vavá por pura maldade”

Em mensagem divulgada pelo Instituto Lula, o ex-presidente lamenta que por pura maldade tenham impedido ele de exercer o direito ao último adeus a seu irmão mais próximo. Acostumado a enfrentar as mais variadas adversidades, ex-presidente desta vez sentiu-se impotente diante da impiedosa proibição de participar do enterro do irmão

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O novo ataque do Judiciário contra Lula, ao proibi-lo de se despedir do irmão Vavá durante velório realizado nesta quarta (30), escancarou a faceta mais cruel da perseguição política sofrida pelo ex-presidente. Desta vez, as negativas da Polícia Federal do Paraná, da juíza Carolina Lebbos e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região diante de um direito expresso pela Lei de Execução Penal usaram como justificativa “dificuldade logística” ou “questões de segurança”. Mas Lula não se engana: “Não deixaram que eu me despedisse do Vavá por pura maldade”.

A declaração foi transmitida pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, que também revelou que Lula, acostumado a enfrentar as mais variadas adversidades desde a infância pobre em Pernambuco, sentiu-se impotente diante do impiedoso tratamento recebido por ele até mesmo quando desejava apenas se despedir de um ente querido – fato que nem a Ditadura Militar foi capaz de fazer e, numa demonstração mínima de humanidade, permitiu que deixasse o cárcere e participasse do enterro da mãe em 1980. “Não posso fazer nada porque não me deixaram ir. O que eu posso fazer é ficar aqui e chorar”, lamentou Lula.

Indignada, Gleisi questionou: “Estamos tentando entender o que acontece para que um homem seja tão perseguido como Lula está sendo. Não é a primeira vez que temos uma injustiça em relação ao ex-presidente”, criticou Gleisi, lembrando das muitas arbitrariedades cometidas contra Lula.

Justiça tardia

Após ter sua solicitação de comparecer ao velório do irmão negada em instâncias inferiores, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, autorizou o ex- presidente a deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba para acompanhar o funeral do irmão. No entanto, a decisão foi tomada minutos antes da realização do sepultamento.

Além de tardia, a decisão de Toffoli impunha uma série de restrições, obrigando a família a se deslocar até alguma unidade militar da região de São Bernardo. 

O ex-ministro Gilberto Carvalho comentou a decisão de Toffoli, segundo o site G1: "É lamentável que a decisão só tenha saído a essa hora. É totalmente inviável. O Lula com muita dignidade agradeceu, mas não vem, não faz sentido mais". Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, afirmou: "Eu acho mais um absurdo. O Lula é tratado com excepcionalidade pela Justiça, de forma seletiva. Então, infelizmente, esse é o enfrentamento que nós temos que fazer: mostrar que o Lula, em muitos direitos, ele está sendo prejudicado, em muitas discussões ele está sendo prejudicado porque sempre há um julgamento político sobre as atitudes dele".

O deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, anunciou a decisão de Lula, que será detalhada ainda na tarde desta quarta-feira (30): "O presidente Lula não vai para São Bernardo do Campo porque ele não irá se submeter ao circo que Sérgio Moro armou. Lula não tem motivos para se encontrar às escondidas com a família como se isso fosse um favor do MPF e do Judiciário da turma da Lava Jato", disse.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também condenou "a cruel proibição de que Lula possa estar presente ao enterro do irmão". Para Amorim, isso é uma ilustração de como seus direitos humanos estão sendo violados e torna ainda mais importante a campanha pelo Prêmio Nobel da Paz para Lula. "Como Mandela, Gandhi e Luther King, Lula é vítima de violência atrás de violência. Temos que confiar que a Verdade Vencerá, mas não será fácil", disse.

Fonte: Agência PT de Notícias e Brasil 247