Movimento negro se solidariza com ativistas em greve de fome

Há 24 dias manifestantes estão em greve de fome para chamar a atenção do Supremo Tribunal Federal (STF) para a prisão injusta do ex-presidente Lula e denunciar o ataque aos direitos sociais e trabalhistas após o golpe de 2016. "A greve de fome é um método legítimo de luta dos trabalhadores, não violento, mas extremo, guarda a força e radicalidade que o quadro atual da luta de classes no Brasil exige", definiu manifesto de organizações do movimento negro divulgado nesta sexta-feira (24).

greve de fome por justiça no STF 21 dias - reprodução/ MST

Confira o documento na íntegra:

Manifesto em apoio a Greve de Fome por Justiça no STF   

“Iniciada a greve de fome para que a justiça se restabeleça no Brasil”, com essas palavras proferidas pelo Frei Sérgio Gorgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores), no dia 31 de julho de 2018, em frente ao STF, em Brasília (DF), sete integrantes dos movimentos populares, dentre eles um membro da Convergência Negra, Gegê (CMP e CONEN) deflagraram a “Greve de Fome por Justiça no STF”.

A greve de fome é um método legítimo de luta dos trabalhadores, não violento, mas extremo, guarda a força e radicalidade que o quadro atual da luta de classes no Brasil exige. A fome sempre foi um grave problema que sempre causou sofrimento a importante parcela da população brasileira, especialmente entre a população negra. Por isso, nos solidarizamos com a determinação dos grevistas que há 24 dias têm colocado a vida em risco na busca de objetivos que atendem a coletividade.

Os grevistas, além da parcialidade do Supremo Tribunal Federal, denunciam o aumento da fome, desemprego, violência, mortalidade infantil, a volta da carestia simbolizada no abusivo aumento do preço do gás, comida e combustível, promovidos pelo governo golpista e ilegítimo. Nós, negras e negros somos as maiores vítimas destes ataques aos direitos feito pelos golpistas.

A injusta prisão de Lula desde 07 de abril, nas masmorras da Polícia Federal, em Curitiba agrava o quadro desolador decorrente da entrega do pré sal a petrolíferas estrangeiras, ataque aos direitos trabalhistas, liquidação das políticas de igualdade racial, sacrifício de gerações com a emenda constitucional que proíbe aumento de investimento público em educação, ciência e tecnologia, saúde, programas sociais e desenvolvimento. Tudo como parte de um projeto de submissão total ao imperialismo e ao capital transnacional.

Denunciamos que as candidaturas dos presidenciáveis: Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro, Cabo Daciolo, Henrique Meireles, Marina Silva e Álvaro Dias dão sustentação as políticas de Temer. São responsáveis pela crise que a Nação está atolada e pelos motivos que obrigaram a deflagração da greve. Pretendem dar continuidade na implantação de políticas que beneficiam os mais ricos, agridem pobres, negras e negros, mulheres, LGBTs e outros grupos sociais violados.

Declaramos que os membros do Judiciário, especialmente os Ministros do STF, por violar a Constituição e perseguir Lula, serão responsáveis pela saúde e vida dos companheiros e companheiras que estão em greve de fome.

Exigimos a votação pelo STF das ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que questionam o fim da presunção de inocência com a prisão em segunda instância, para solucionar a criminosa prática de manter em cárcere pessoas sem julgamento, segundo relatório do Infopen, o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, há 292 mil homens e mulheres nessa condição.

Exigimos eleições livres e democráticas, com a imediata libertação de Lula e a salvaguarda do seu direito de se candidatar a Presidência da República, direito este reconhecido por várias personalidades de vários países e até pela Comissão de Direitos Humanos da ONU.

Assinam o manifesto:

Agentes Pastorais Negros – APN’s

Coletivo Milton Santos da APEOESP

Coletivo Quilombação

Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN

Movimento Negro Unificado – MNU

Instituto Ganga Zumba – IGZ

União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO