Marcha Nacional Lula Livre tem início e segue para Brasília

Líder em todas as pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece encarcerado injustamente na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Diante deste cenário, movimentos sociais e lideranças políticas preparam manifestações de apoio em todo o Brasil. Em Brasília, a Marcha Nacional Lula Livre começa nesta sexta-feira (10) e segue até o dia 15, quando será feito o pedido de registro da candidatura de Lula.

Por Iberê Lopes

Lula Livre é a palavra de ordem do povo brasileiro - Ricardo Stuckert

Em 2016, a gaúcha Vidalvina Lopes da Rosa, hoje com 87 anos, em vídeo gravado para sua família, lamentava o machismo, a violência e o preconceito que roubaram do Brasil o sonho de continuar com Dilma Rousseff à frente do poder Executivo. A liberdade das mulheres e a vontade de ‘Dona Vida’, como gosta de ser chamada, se foram um pouco com o Golpe, conforme ela mesma relatou aos seus familiares.

“Foram dois sonhos que eu criei. Eu queria ver um homem bem humilde e bem pobre sentado na cadeira da presidência deste Brasil. E a maioria dos brasileiros me ajudaram a realizar este sonho quando eu vi o Lula, o ex-presidente Lula sentado na cadeira da presidência. E depois, o meu segundo sonho, eu dizia o seguinte: eu não quero morrer sem ver uma mulher sentada na cadeira da presidência deste Brasil. Porque sempre sonhei que as mulheres tinham que ser iguais aos homens, principalmente na política”, recordou Dona Vidalvina

Dona Vida afirmou ser uma “barbaridade” o que fizeram com Dilma, “que sofreu na ditadura de 64. Apanhou, teve que se defender. Mas ela conseguiu vencer”.

E a resistência segue nas ruas, conforme vislumbrou Vidalvina. Em marcha histórica, entidades que compõem a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra prometem realizar um "cerco popular" em Brasília. O MST organiza, em agosto, a marcha nacional pela liberdade de Lula e pelo retorno imediato da normalidade democrática.

Mais de cinco mil camponeses de todo o Brasil participarão da Marcha Nacional Lula Livre, comandada pelo MST e pela Via Campesina. As manifestações e atos ocorrem entre os dias 10 e 15 de agosto.

A caminhada terá como ponto final a cidade de Brasília. Lutar contra a prisão do ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba há mais de 120 dias, é uma das bandeiras dos trabalhadores que marcham também para denunciar o agravamento das crises econômica e política pelas quais o país passa.

Três colunas de manifestantes chegarão à Brasília no dia 14, terça-feira. No dia 15 de agosto acontece, na capital brasileira, uma grande manifestação em apoio a Lula. Esse será o último dia para o registro das candidaturas e o dia no qual a inscrição do ex-presidente será protocolada para concorrer no pleito de outubro.

Ao todo, serão cerca de 50 quilômetros de caminhada, durante quatro dias. Os manifestantes estarão divididos em três frentes: um grupo partirá da cidade de Formosa (GO), outros sairão de Luziânia (GO) e um terceiro grupo de seguirá a partir da cidade de Engenho das Lages (DF).

Os manifestantes chegarão, ao mesmo tempo, na capital federal. Cada coluna contará com cerca de 1.500 pessoas. Estarão presentes integrantes do MST de todos os estados em que o movimento está organizado (23 ao todo).

Nesta sexta-feira (10) acontecerá a concentração dos manifestantes e o ato de lançamento da mobilização que se junta ao Dia Nacional de Mobilizações e Paralisações das Centrais Sindicais.

O “Dia do Basta” pretende ocupar as ruas, locais de trabalho e as redes para dizer: Basta ao desemprego, aos preços altos do combustível e gás de cozinha, à retirada de direitos trabalhistas e também à prisão política de Lula.

É uma convocação unitária de nove centrais sindicais para dizer: Basta de ataques a aposentadoria! Basta de destruição de direitos trabalhistas.

Desde que tomou de assalto o Executivo, Michel Temer (MDB) e seus aliados deixaram o país com o maior índice de desemprego da história (mais de 13 milhões de trabalhadores sem trabalho). Direitos sociais e trabalhistas foram rasagados com as reformas antipovo desencadeadas no pós-golpe. Além disso, o desmonte de estatais, como a Petrobras e a Eletrobras, ao capital financeiro ameaça a soberania nacional.

Acompanhe, compartilhe, seja solidário e participe: https://bit.ly/2Ahwi55

Greve de fome

O ex-presidente está emocionado com “o gesto extremo de coragem e generosidade de um punhado de brasileiros que põem em risco a própria vida em nome de sua liberdade e na luta pelos direitos do povo”. Em mensagem destinada à um grupo que está em greve de fome há dez dias, Lula, através do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) e um dos advogados, deixou um recado aos militantes.

Segundo o advogado, o ex-presidente “mandou muita força, muita solidariedade e um forte abraço para os companheiros que estão fazendo este gesto extremo e solidário de greve de fome”. O grupo de ativistas faz parte do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do MST.

Pesquisa aponta liderança de Lula

No mais recente levantamento, realizado pela CNT/MDA, no estado de São Paulo, Lula aparece com 21,8% dos votos, seguido por Jair Bolsonaro (PSL), com 18,4%, e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 14,0%.

A pesquisa foi feita antes da definição da coligação PT-PCdoB, em que Manuela D’Ávila será a candidata a vice-presidente na chapa formada para a disputa eleitoral de 2018. Foram ouvidos 2.002 eleitores em 75 municípios paulistas entre os dias 2 a 5 de agosto.