“Ganhando as eleições é preciso reestruturar os pilares da democracia”

Em entrevista à revista CartaCapital nesta quinta-feira (9), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que o Brasil precisa voltar a trilhar o caminho democrático e apontou as medidas essenciais a serem tomadas pela chapa PT-PCdoB caso vença as eleições de outubro, como indicam as pesquisas de intenção de voto.

Por Dayane Santos

Jandira em entrevista à Carta Capital - Reprodução

“Ganhando essa eleição precisamos reestruturar os pilares da democracia brasileira porque senão nós não iremos adiante”, afirmou a deputada.

E acrescenta: “É preciso restabelecer as relações do governo com os setores nacionais da ciência e tecnologia e com os movimentos dos setores produtivos do Brasil, bem como com os movimentos sociais e populares. Restabelecer os mecanismos democráticos de participação direta. Uma reforma política de fato que promova democraticamente as relações”.

Segundo ela, é preciso também restabelecer uma outra relação com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, bem como promover a democratização dos meios de comunicação.

“A grande mídia brasileira não pode mais ter o monopólio da informação como é hoje”, defendeu.

Ainda sobre a judicialização da política, com o ativismo do Poder Judiciário e Ministério Público, Jandira afirmou que a relação republicana exige que cada um cumpra o seu papel, de forma equilibrada e sem ingerência de poderes. “Hoje, o Judiciário nos pauta, o Ministério Público nos pauta, a mídia nos pauta. É preciso que cada um cumpra o seu papel dentro de uma estrutura de um Estado republicano”, disse.

Para a parlamentar, o país vive “um arbítrio aberto e explícito”. “Quem contém isso? Precisamos rever”, salientou, acrescentando que é preciso promover uma reforma do Judiciário para estabelecer regras reais e estabelecer qual é o papel do Ministério Público.

Jandira reforçou que é preciso fazer o país voltar a funcionar democraticamente fortalecendo a soberania popular com plebiscitos, referendos e outros mecanismos democráticos de participação direta.

“Nós vamos precisar mexer e fazer uma reforma estrutural do Estado, porque senão outros golpes poderão vir e nós não teremos mecanismos de reação e nem uma população consciente informada para reagir no tempo devido”, argumentou.

Questionada sobre o aumento da participação de militares no processo eleitoral, Jandira afirmou que o “problema não é se ele tem uma patente, mas o que fez ou defende”.

Ela comentou as declarações feitas pelo general da reserva Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL. “Esse general que está na vice de Bolsonaro, nós vimos a posição dele: racista, preconceituosa… Acabou de falar que africano é malandro e que índio é indolente, então o problema não é a patente, mas o que defende”, disse.

Sobre o Bolsonaro, Jandira afirmou que pelo que tem demonstrado até agora, ele será um candidato que “no segundo turno é melhor para a gente enfrentar”.

Ela explica: “Bolsonaro é uma pessoa muito vazia do ponto de vista de proposta para o Brasil. Na economia ele não consegue falar absolutamente nada. Para a saúde ele não tem proposta. Vi as respostas dele sobre a redução da mortalidade infantil e não sabia se ria ou se chorava. Ela fala para um público, que é o dele, que é emocional, não tem racionalidade. Aquele fenômeno irracional. Acho que para o primeiro turno, pode ter esse público dele. Mas no público indeciso, na minha opinião, ele perde”.

Ainda sobre os adversários presidenciais, Jandira afirmou que o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) é o candidato com mais legenda, mas advertiu: “Eleição não é matemática”.

“Ele talvez tenha apoio da grande mídia porque ela gosta dessa agenda reacionária que aumenta a mortalidade infantil, aumenta a mortalidade materna e que leva o Brasil para a extrema pobreza. Essa agenda que vai tirar, por meio dessa austeridade da Emenda Constitucional 95 nos próximos 20 anos, R$ 460 bilhões das políticas públicas”, analisou.

“Essa agenda é do Alckmin. Ele representa o Michel Temer, não é o Henrique Meirelles… Seja o Bolsonaro ou o Alckmin nós enfrentaremos com altivez esse inimigo do Brasil”, concluiu.