Desempenho da seleção feminina sub-20

O Ludopédio subiu, nesta segunda-feira, e o Portal Vermelho replicou, texto no qual discorro sobre o desempenho da seleção feminina principal em competições oficiais com base em uma pesquisa detalhada de dados que fiz no final de semana.

Por Lu Castro*

Futebol feminino sub20 - Foto: Divulgação

As informações colhidas e devidamente filtradas, mostra o que qualquer um que de fato conhece a modalidade, já sabe: Não há nada de espetacular no trabalho de Vadão à frente da seleção. Iguala-se com outros e tem resultado sofrível tendo poucos como parâmetro.

Aproveitei a base da planilha para fazer o mesmo trabalho com a seleção sub-20 desde sua primeira competição, mais especificamente a sub-19, que disputou o Mundial do Canadá, em 2002.

Mas Luciane, por que você está nessa sanha de partir para os dados estatísticos que nem é sua área?

Porque é preciso rebater afirmações falaciosas quanto ao desempenho dos técnicos que atualmente comandam as seleções, tanto a principal quanto a sub20. E nada melhor que uma apuração focada nos resultados para debater, diz aí?

Isto posto, deixemos o falatório de lado. Quem gosta de falar muito não age.

A primeira competição de seleções feminina sub-20 aconteceu em 2004. Em 2002, a categoria ainda era sub-19 e para participar do Mundial no Canadá, o Brasil fez dois jogos contra a seleção peruana, já que o Sul-americano foi cancelado. A seleção, sob o comando de Paulo Gonçalves, venceu os dois jogos, como era de se esperar, por 6 a 0 em cada um deles.

Àquela época a seleção já contava com Marta, Cristiane, Daniela Alves, Francielle e Bagé. No Mundial, o Brasil fez boa campanha, chegando às semifinais. Ficou com o quarto lugar da competição e ainda tinha Maurine e Renata Costa e Renata Diniz no elenco.

O desempenho de Paulo Gonçalves com a sub-20 é: Duas vezes campeão sul-americano e um 4º lugar em Copa do Mundo. Enfrentou 9 seleções, sendo 2 top 5. Fez 14 jogos com 12 vitórias e 2 empates. Assumiu a seleção principal em 2003, e venceu o Sul-americano, Jogos Pan-Americanos e na Copa de 2003 caiu nas quartas-de-final.

A média de permanência dos técnicos na seleção feminina sub-20, até 2012, era de 1 ano.
Em 2004, Luiz Ferreira assumiu a seleção para a Copa do Mundo na Tailândia. O Brasil ficou com a 4ª colocação e agregou Érika, Rosana e Sandrinha ao seu elenco. Lembrando que já tinha Marta, Cristiane, Maurine, Renata Costa e Renata Diniz.

No Sul-americano de 2006, Luiz Ferreira foi campeão tendo agregado ao seu elenco Bárbara, Fabiana e Mônica.

Seu desempenho no geral é: 13 jogos, 9 vitórias, 3 derrotas e 1 empate tendo enfrentado 11 seleções, sendo 1 top 5.

Jorge Barcellos conduziu a seleção sub-20 ao melhor resultado em mundiais até o momento: terceiro lugar em 2006 na Rússia. Fez 6 jogos com 3 vitórias (uma nos pênaltis na disputa do terceiro lugar contra os EUA), 2 empates e 1 derrota. Enfrentou 6 seleções sendo 1 top 5.

A partir daí, resultados medianos. Kleiton Lima foi campeão sul-americano e ficou nas quartas-de-final da Copa do Mundo no Chile, em 2008. Seu desempenho é: 11 jogos com 10 vitórias e 1 derrota tendo enfrentado 10 seleções, 1 top 5.

Em 2010, Marcos Gaspar foi o responsável pelo tetra campeonato no sul-americano. Contava em seu elenco com várias atletas que hoje jogam em alto rendimento no país, como Rafaelle, Ketlen, Alanna, Andressa Alves e Poliana.

Na copa de 2010 , na Alemanha, com praticamente o mesmo elenco do sul-americano, Marcos Gaspar foi o primeiro técnico a conduzir a seleção à sua primeira eliminação ainda na primeira fase da competição. Enfrentou 3 seleções no mundial, sendo apenas 1 top 5. No geral seu desempenho é: 9 jogos, 7 vitórias, 1 empate, 1 derrota diante de 9 seleções.

Em 2012, Caio Couto pegou a mesma direção de Marcos Gaspar. Venceu o sul-americano tornando a seleção brasileira penta campeã e foi eliminado na primeira fase do mundial no Japão. A seleção sub20 estava renovada e contava com nomes como Dani Neuhaus, Ingrid, Tayla, Maria, Andressa Alves, Andressinha (apenas no sul-americano), Ketlen, Paula Vincenzo, Bia, Thaisinha, Bruna, Monique Somose, Jucinara, Glaucia e Letícia Izidoro.

Não dá pra negar, assim como nos outros anos, um grande elenco.

Em números gerais, Caio Couto: 10 jogos, 7 vitórias, 1 derrota e 2 empates. Enfrentou 9 seleções, nenhuma top 5.

Adilson Santos conduziu a seleção ao hexa campeonato sul-americano. Tinha também bons nomes à disposição, como Andressinha, Camila, Patrícia Sochor, Djenifer, Byanca Brasil, Letícia Izidora e Leticinha, lateral espetacular, rápida feito um tiro.

Doriva assumiu a seleção no mundial de 2014 no Canadá e caiu na primeira fase com praticamente a mesma seleção do sul-americano, com o incremento de Gabi Lira e Carol Baiana.
Fez o mesmo que os demais técnicos nos sul-americanos conduzindo a seleção ao título, mas em mundiais segue o padrão com um diferencial: está desde 2014 à frente da seleção e com estrutura melhorada.

Acumula dois títulos sul-americanos, com uma eliminação em fase de grupos e outra nas quartas-de-final de copa do mundo. Tem 21 jogos com 12 vitórias, 4 derrotas e 5 empates. Enfrentou até o momento 19 seleções sendo apenas 2 top 5.

Olhando para os números, adversários enfrentados, resultados em competição de nível mundial, não consigo enxergar o “baita trabalho” realizado por Doriva com a seleção sub-20 se comparado ao resultados dos demais técnicos.

E, assim como critério para a seleção principal, não encontro motivos para mantê-lo no cargo se o requisito para isso são os resultados. Ou a demissão por resultado só vale para quem planeja amistoso contra seleções top 10 e não chega a participar de competição oficial?

Estamos em plena copa do mundo sub-20 na França. O Brasil estreou contra o México na manhã deste domingo, 5, com derrota por 3 a 2. Pela frente, na fase de grupos, temos a Inglaterra na manhã desta quarta-feira, 8, e a atual campeão do mundo, Coréia do Norte no domingo, 12.

Kerolin foi o destaque da partida com os 2 gols, sendo um golaço, inclusive. Na chance de empatar, já nos acréscimos da etapa complementar, Victória, em cobrança de pênalti, mandou na trave.

Aguardemos o final da competição. Ainda assim, são dois mundiais em que Doriva atua e que mantém o mesmo resultado sofrível de sempre. De “baita” mesmo, só o talento das atletas, que não orna com o técnico.