Política externa de Bolsonaro ameaça comércio com países da Liga Árabe

A decisão do governo Bolsonaro de abrir um escritório de negócio em Jerusalém pode ter consequências danosas para a economia brasileira. Em entrevista ao UOL, o ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, disse nesta terça (2) que a liga Árabe, composta por 22 nações, pode deixar de comprar do país produtos como carne bovina, frango, soja e milho.

Bolsonaro e Binjamin - Alan Santos/PR

“Levamos mais de 40 anos para conquistar o mercado dos países árabes e, agora, por uma impropriedade, podemos sofrer retaliações, embora não tenha como ser mensurado isso no momento porque os contratos de exportação são de médio e longo prazos com os fornecedores”, afirmou Michel Alaby.

As exportações brasileiras em 2018 para os países árabes somaram US$ 11,49 bilhões, uma queda em relação a 2017, quando alcançaram US$ 13,59 bilhões.

Este ano, a exportações aos árabes mostraram recuperação. Em janeiro e fevereiro elas chegaram US$ 2,12 bilhões.

Segundo o ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o Brasil é o maior exportador mundial de carne “halal” (ritual islâmico para abate de animais). Nesse sentido, ele defende que o Brasil não deveria se alinhar aos EUA que “são o maior player do mundo”.

“Nós não somos tudo isso. Eles podem fazer o que querem. Nós somos um país em desenvolvimento que depende muito de suas relações comerciais”, disse ao UOL.