Ação humana pode provocar a extinção dos insetos em apenas um século 

Se você gosta de passear de automóvel fora das cidades, talvez tenha a sensação de que, hoje em dia, muito menos insetos ficam esmagados contra o vidro do que uns anos atrás. Essa sensação intrigava Francisco Sanchez-Bayo, pesquisador da Universidade de Sidney. Será que os insetos seriam as vítimas da sexta extinção em massa no Planeta?

Insetos

Em conjunto com um colega de Brisbane, Sanchez-Bayo foi averiguar os estudos recentes sobre a evolução das populações de insetos no mundo. Sua conclusão: a ser manter o atual ritmo de declínio, os insetos poderiam desaparecer da Terra dentro de apenas um século.

O artigo "Worldwide decline of the entomofauna: A review of its drivers", publicado na revista Biological Conservation, é um meta-estudo – ou seja, um estudo que reúne e sistematiza estudos anteriores – que selecionou 73 pesquisas já realizadas. Conforme os dados apurados, nos últimos 25 a 30 anos a massa total de insetos no planeta caiu 2,5% por ano.

É uma taxa de extinção oito vezes maior que a registada para mamíferos, aves ou répteis – cujo declínio era conhecido e motivo de preocupação há mais tempo. Cerca de 40% das espécies de insetos estão em declínio (queda populacional até 30%), e outro terço delas estão ameaçadas (queda superior a 30%).

Algumas espécies estão numa queda mais acentuada que a média. Num estudo no Reino Unido, as borboletas registaram uma queda de quase 60% nas zonas agrícolas durante a primeira década pós-milênio. As abelhas nos Estados Unidos – que em 1947 se distribuíam por cerca de 6 milhões de colônias – hoje se encontram em 2,5 milhões.

Os coléopteros, maior grupo de insetos, com cerca de 350 mil espécies, como os besouros e joaninhas, também registam declínios acentuados. Restam ainda muitas espécies sobre as quais se sabe pouco – por exemplo, moscas, formigas e grilos.

Por outro lado, há um grupo reduzido de espécies resistentes aos fatores de ameaça humana que crescem e preenchem, em parte, o vazio deixado pelas espécies em recuo. É o caso de algumas espécies de vespas resistentes aos pesticidas — mas não o suficiente para compensar o declínio geral.

As principais causas do morticínio de insetos são de origem humana: em primeiro lugar, a perda de habitats devido à expansão da urbanização e da agricultura intensiva. Segundo: a poluição, particularmente por fertilizantes e pesticidas sintéticos.

Estes dois fatores criam uma paisagem praticamente sem árvores e sem arbustos, com um solo esterilizado de substâncias necessárias aos insetos, afirma Sanchez-Bayo ao Guardian. Como causas adicionais, seu estudo destaca fatores biológicos, como novos organismos patogênicos, espécies invasivas e mudanças climáticas.

Os dados reforçam a tese, avançada por diversos cientistas, de que o planeta está próximo de – ou já vive – uma era de extinção em massa de espécies. Seria a sexta dessas eras na história do Planeta, seguindo-se à extinção do Cretáceo-Paleógeno, a mais “recente”, na qual os dinossauros desapareceram há 66 milhões de anos.

Com informações do Esquerda.Net