Brasil Metalúrgico anuncia medidas contra chantagens da GM do Brasil

 O Movimento Brasil Metalúrgico fez sua primeira reunião de 2019 nesta sexta-feira (1º), em São Paulo, para debater a estratégia de luta contra as chantagens da General Motors (GM) do Brasil, que há poucas semanas ameaçou deixar o País caso suas reivindicações no campo trabalhista não sejam atendidas. O encontro teve um caráter ampliado, já que sindicalistas de outras categorias (como borracheiros e químicos) também marcaram presença.

Por Fernando Damasceno, no Portal da Fitmetal

Brasil Metalúrgico 2019

 A Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil, filiada à CTB) foi representada na reunião por seu presidente, Marcelino da Rocha, além dos secretários de Formação, Marcelo Toledo (“Alemão”, e de Assuntos Institucionais, José Francisco Salvino (“Buiú”). Para o presidente da Fitmetal, mais uma vez fica clara a importância do Brasil Metalúrgico, diante da postura atual da GM.

“Temos consciência de que o reflexo do resultado final desse processo será o mesmo para todos os trabalhadores das demais montadoras. Portanto, nós – que integramos desde o início o Brasil Metalúrgico – estamos prontos para enfrentar o que vier pela frente. Nossa resistência será fundamental”, ponderou. Seguno Marcelino, é preciso ter “muita sabedoria para dialogar com os trabalhadores daqui por diante. Temos o governo Bolsonaro pela frente, mas também temos o pior Congresso Nacional da história do País”.

Marcelo Toledo, trabalhador da GM de São Caetano do Sul (SP) há 29 anos, afirmou que novamente a empresa faz uso de uma tática já conhecida daqueles que há décadas militam dentro de seus muros. “O que move a GM é o lucro, sempre à custa da nossa força de trabalho. É uma falácia a afirmação de que a empresa tem prejuízo no Brasil. Precisamos da unidade de toda a categoria metalúrgica para enfrentá-los”, disse o dirigente.

As chantagens da GM

No último dia 23 de janeiro, a GM tornou público seu plano de reestruturação no Brasil, em documento destinado aos sindicatos de Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP) e São José dos Campos (SP). Tendo como base a reforma trabalhista promulgada em novembro de 2017, a empresa propõe, entre outros retrocessos, a redução do piso salarial, o aumento da jornada semanal de trabalho (de 40 para 44 horas), a terceirização de todas as atividades, a implantação da jornada intermitente, o fim do pagamento de horas extras e a extinção da estabilidade para trabalhadores lesionados.

Estima-se que cerca de 15 mil funcionários seriam diretamente afetados pelas medidas. Prontamente, os sindicatos das bases envolvidas passaram a se mobilizar para enfrentar a inciativa da montadora, que foi tachada de “chantagista”, após ameaçar fechar suas fábricas no Brasil caso não tenha suas reivindicações atendidas.

Planejamento e ação

Alguns encaminhamentos foram definidos durante a reunião, como estratégia inicial para impedir que as propostas da GM prosperem:

– Participar ativamente, ao lado das centrais sindicais, do Dia Nacional de Luta agendado para 20 de fevereiro, em São Paulo (SP);

– Produzir um jornal unitário para ser distribuído em todo o Brasil, tratando da questão da GM, da Reforma da Previdência e da tragédia de Brumadinho (MG);

– Promover, de modo conjunto e em nível internacional, uma ação unitária de protestos em concessionárias da GM em diversos países, denunciando as propostas de precarização defendidas pela montadora.