Azevedo sugere exoneração de Salles por exploração política de tragédia

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, "aproveita a tragédia para fazer proselitismo ideológico. Afirma, por exemplo: 'Quando a esquerda vem com o discurso de descuido ambiental (da direita), eu não admito porque o que aconteceu em Brumadinho é consequência da visão deles'. 'Deles' quem? O que há de 'esquerdista' na legislação que o 'direitista' Salles consertaria?", questiona o jornalista Reinaldo Azevedo; "Salles deveria ser demitido por exploração política de um desastre ambiental e humanitário"

(Foto: Reprodução)

O jornalista Reinaldo Azevedo afirma em seu blog no Uol que "Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, parece não ter ouvido a orientação do chefe — sobre não ser hora de achar culpados".

"O senhor Salles aproveita a tragédia para fazer proselitismo ideológico. Afirma, por exemplo: 'Quando a esquerda vem com o discurso de descuido ambiental (da direita), eu não admito porque o que aconteceu em Brumadinho é consequência da visão deles'. 'Deles' quem? O que há de 'esquerdista' na legislação que o 'direitista' Salles consertaria?", questiona.

De acordo com o jornalista, "a verdade é que o atual governo chegou ao poder — e só por isto Salles foi nomeado —, partindo do pressuposto de que as questões ambientais atrapalham o desenvolvimento".

"Ele é o grande arauto do autolicenciamento. 'Ah, mas isso é só para as questões envolvendo matas…' É mesmo? Por que não para a mineração? A rigor, o controle das barragens é feito pelas próprias mineradoras. Até porque há maios de 24 mil barragens no país, 790 delas de rejeitos minerais, e apenas 154 funcionários para vistoriar tudo. Salles deveria ser demitido por exploração política de um desastre ambiental e humanitário".

Ministério Público também cobra demissão

O Ministério Público do Estado de São Paulo também quer ver Salles fora do ministério. O órgão apelou ao Tribunal de Justiça para que o ministro do Meio Ambiente seja destituído do cargo. Salles foi condenado em primeira instância por alterar mapas do plano de manejo da APA do Rio Tietê, quando era secretário de Meio Ambiente de São Paulo.

Na apelação, protocolada no dia 24 de janeiro, os promotores Leandro Henrique Leme e Silvio Marques, do Ministério Público paulista, afirmam que foram cometidas diversas irregularidades na condução do processo de alteração do plano de manejo da APA do Rio Tietê. “Os citados agentes públicos agiram à sorrelfa e com a clara intenção de beneficiar setores econômicos, notadamente a mineração, dentre outros. Foram incluídas “demandas” da FIESP que já haviam sido rejeitadas no momento oportuno”.

“RICARDO DE AQUINO SALLES ocupava a posição mais relevante no Sistema Ambiental Paulista e, mesmo assim, pessoalmente determinou a realização de alterações fraudulentas no Plano de Manejo da APAVRT, todas elas desfavoráveis ao meio ambiente. Portanto, imperiosa a cominação ao apelado RICARDO DE AQUINO SALLES também da sanção de perda da função pública, nos termos do artigo 12, III, da Lei n. 8.429/92, reformando-se a r. sentença proferida para tal finalidade”, escreveram os promotores.

Em dezembro, o ministro foi condenado por improbidade administrativa. A sentença foi dada pelo juiz Fausto José Martins Seabra, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.

Acusação

Em 2017, o Ministério Público denunciou Ricardo Salles. Segundo o MP, Salles favoreceu empresas de mineração e filiadas à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao alterar mapas de zoneamento do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê (APAVRT) quando era secretário de Meio Ambiente de São Paulo.

Em fevereiro de 2017, os procuradores fizeram uma coletiva para anunciar os resultados das investigações e da denúncia. Salles virou réu logo depois e pediu demissão da Secretaria de Meio ambiente de São Paulo no começo de agosto.

Com informações do Brasil247 e Eco