Adilson Araújo critica violações à segurança do trabalho em Brumadinho

Em artigo, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, comenta a tragédia em Brumadinho sob o ponto de vista da legislação trabalhista. O texto cita nota do procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, para quem "a tragédia representa um dos mais graves eventos de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil"

vale brumadinho

Brumadinho: um dos mais graves eventos de violação à segurança do trabalho

A ganância privatista vai dando conta de que o lucro e ganho farto estão acima de tudo e de todos e de qualquer preocupação com a proteção do meio ambiente, a flora e fauna e a vida dos seres humanos. A tragédia causada pelo rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais, no dia 25 de janeiro, já soma 84 mortos – 276 desaparecidos; 192 resgatados, segundo dados do Corpo de Bombeiros em boletim do dia 29 de janeiro.

Em nota oficial, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, afirmou que a tragédia representa um dos mais graves eventos de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil. Uma "tragédia que demonstra a precariedade das condições de trabalho a que estão expostos os trabalhadores no Brasil", denunciou a nota do Ministério Público do Trabalho (MPT) ao afirmar que irá realizar um diagnóstico do crime socioambiental de Brumadinho, com vistas à apuração de responsabilidades criminal, civil e trabalhista.

Fundada em junho de 1942, a Vale – antes chamada de Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)- foi privatiza pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso sob o pretexto de que dava prejuízo ao país. No entanto, atualmente a empresa está entre as maiores mineradoras do mundo e abocanha lucros da ordem de 17 bilhões de reais.

Descaso

Os números de Brumadinho não são apenas os maiores, eles revelam descaso total com a população e os trabalhadores e trabalhadoras vitimados pelo rompimento da barragem. Esse crime comprova que estamos diante de um sistema falido que não tem compromisso com o nosso povo, com problemas graves e que, desde Mariana, não foram enfrentados e muito menos julgados e condenados pelas vidas perdidas e os severos danos ambientais.

A tragédia em Brumadinho é fruto de um modelo de exploração colonial latino-americana liderado por uma parcela da sociedade que tem como expressões mais conhecidas as privatizações, o lucro e a exploração predatória, que coloca os interesses privados e os lucros das mineradoras acima da vida, do meio ambiente e do bem comum. Tudo isso com a cumplicidade do poder público que está a serviço do poder econômico.

Resistir a todo custo!

A hora deve ser de mudança pelos mortos, pelos que resistem e pelos que ainda sofrem com as consequências de crimes como o que foi cometido em Brumadinho. A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. Queremos Justiça e punição por Brumadinho, Mariana, Marielle e muitos outros!

Entendemos que uma sociedade se constrói para cidadãos, não contra eles. Lutaremos, porque está claro que impunidade é o custo da irracionalidade.

Adilson Araújo
Presidente Nacional da CTB