De Olho no Mundo, por Ana Prestes

Um resumo diário das prinicipais notícias internacionais

Brumadinho rompimento barragem - Foto: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil

A tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho/MG segue com ampla repercussão internacional, tanto na imprensa escrita, como TV e internet. As manchetes de hoje, como da BBC, por exemplo, dizem: “pouca esperança para centenas de desaparecidos no Brasil”. O fato de o Papa Francisco ter mencionado a tragédia em suas orações deste domingo (27) também ajudaram na difusão do drama brasileiro pelo mundo. Até agora são 58 mortes e 305 desaparecidos em Brumadinho.

Um avião com militares de Israel já pousou em Minas Gerais para ajudar no resgate de desaparecidos pela tragédia de Brumadinho. Trata-se de uma equipe (30 mulheres e 136 homens) que faz parte de um grupo que já atuou em mais de 20 desastres pelo mundo. Criada em 1984, a unidade nacional de resgate das forças de defesa de Israel (FDI) já lidou em vários eventos trágicos pelo mundo, a começar pelo terremoto do México em 1985. O tema gerou vários debates no Brasil. O ex-senador Requião, por exemplo, alegou que a presença de militares israelenses no Brasil é mais uma ameaça à Venezuela. Várias pessoas apontaram também para a contradição do governo Bolsonaro em não aceitar ajuda humanitária de Cuba, mas aceitar de Israel. Outras questionam se seria realmente necessária a vinda da equipe israelense tantos dias após o acidente e sem que estejam faltando profissionais capacitados no Brasil. Outros questionam se a ajuda deveria ser aprovada pelo Congresso. O fato é que Bolsonaro aproveitou a situação para deixar clara sua relação de cooperação com Israel e cavar uma boa imagem do país no Brasil. Outros países ofereceram ajuda, além da ONU, via seu secretário geral.

A Venezuela segue no foco das atenções mundiais. Pode-se dizer que desde o último dia 23, ápice do enfrentamento entre Governo e oposição, até hoje (28) já se percebe um arrefecimento do clima de “fato consumado” para a derrota de Maduro e o estabelecimento de Juan Guaidó como líder do país. Grande parte da imprensa, nacional e internacional, se refere a Guaidó como presidente “autoproclamado”, o que por si só denota o caráter ficcional de sua assumpção ao poder. As derrotas sofridas pelos EUA na OEA e no Conselho de Segurança da ONU nos últimos dias foram importantes para o restabelecimento da legitimidade da narrativa sobre os fatos por parte do governo Venezuelano. Segundo Delcy Rodriguez, vice-presidente da Venezuela: “o mundo deve saber que um deputado (Guaidó) que foi eleito com apenas 97 mil votos foi a uma praça pública e se autoproclamou Presidente da Venezuela e imediatamente depois os EUA e seus estados satélites saíram para apoiar um golpe de Estado na Venezuela”.

A oposição venezuelana começou a semana com um pedido de visita da Comissária de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente do Chile, Michele Bachelet e convocando novas manifestações para quarta-feira (30) e sábado (2). Divulga também amplamente o fato de que um adido militar venezuelano baseado em Washington declarou não reconhecer o governo Maduro. Os últimos países a reconhecer Guaidó foram Israel e Austrália. Países europeus deram ultimato de uma semana para a convocação de novas eleições, entre eles França, Espanha, Reino Unido e Alemanha. O ultimato, no entanto, perdeu força com o revés no Conselho de Segurança da ONU, em que pelo menos 19 de 35 país não coadunaram com a tese de Mike Pompeo de necessidade de intervenção na Venezuela. O pronunciamento do chanceler venezuelano Jorge Arreaza na sessão do Conselho de Segurança da ONU teve ampla repercussão por sua contundência e clareza na explanação. O embaixador Russo para a CS da ONU também teve papel destacado na sessão na defesa da legitimidade do governo Maduro.

Aviões da Venezuela trouxeram neste domingo 270 venezuelanos que estavam no Equador. Houve um grande impasse com autoridades equatorianas que não estavam permitindo a partida das aeronaves. Há uma semana uma mulher grávida foi assassinada no Equador por um ex-companheiro venezuelano em um crime com características de feminicídio e caso tem sido usado pelo Governo do Equador para um discurso xenófobo contra os cidadãos venezuelanos que se encontram no país. Um plano que leva o nome de “Vuelta a la Patria” já repatriou mais de 12 mil venezuelanos, sendo quase 7 mil do Brasil, 2 mil do Peru, outros 2 mil do Equador, além Colômbia, República Dominicana, Argentina, Chile e Panamá.

Um telegrama diplomático do governo da Arábia Saudita para o governo brasileiro considera “preocupante” e “desagradável” o plano do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. A revelação foi feita pela Folha de São Paulo ao dizer que obteve o documento sigiloso que relata reunião entre o embaixador do Brasil em Riad, Flavio Marega, e o subsecretário para Assuntos Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita, Abdulrahaman bin Ibrahim Al-Rassi.

Em Cuba, na noite deste domingo (27), a passagem de um tornado deixou 3 pessoas mortas e 172 feridas.

A Alemanha estabeleceu um prazo até 2038 para abandonar inteiramente a produção de energia a partir de carvão mineral.

Cerca de 70 mil manifestantes da Marcha Europeia pelo Clima marcharam até a sede Parlamento Europeu neste domingo (27) em Bruxelas.

O pequeno Julen, menino espanhol de 3 anos que caiu em um poço no dia 13 de janeiro em Málaga, na Espanha, foi encontrado sem vida no sábado (25). Seu resgate que demorou mais de 10 dias pela complexidade do local em que caiu comoveu todo o país.

Contra os coletes amarelos, os “lenços vermelhos”. Um protesto que se autodenominou como de oposição aos coletes amarelos reuniu cerca de 10 mil pessoas em Paris ontem (27). Parlamentares, sendo 20 deputados e seis senadores, filiados ao partido de Macron participaram da marcha que tinha bandeiras da França e da União Europeia, além de peças de roupas vermelhas. Os coletes amarelos também marcharam no sábado, pelo 11º. fim de semana consecutivo. Eram cerca de 70 mil segundo a imprensa francesa. As notícias destacam também que os coletes amarelos estão divididos quanto à participação formal ou não nas eleições.

O grupo Estado Islâmico assumiu a autoria de um atentado a uma catedral nas Filipinas ocorrido neste sábado (26) e que deixou 20 mortos e 110 feridos. O atentado aconteceu dias depois de um referendo para a criação de uma região autônoma muçulmana no sul do país. A província de Sulu, onde está a catedral atingida, votou contra a integração à região autônoma muçulmana.

O caso Huawei continua a provocar tensão entre Canadá e China. O embaixador canadense na China renunciou no sábado (26) por determinação do primeiro ministro canadense, Justin Trudeau.

Já são 114 os falecidos pela explosão de um oleoduto no México. Lopez Obrador continua lidando com a principal crise do início do seu governo e tentando restabelecer a distribuição de combustível, enquanto luta para desativar grupos que assaltam os oleodutos e os caminhões tanque.

De Brasília
Ana Prestes